Metástase de carcinoma ductal invasivo da mama em dura-máter da fossa posterior
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Abaixo, HE e imunohistoquímica da metástase em fossa posterior.
Para o aspecto histológico da neoplasia recidivada na mama (2002), clique aqui
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HE: Tumor constituído por cordões sólidos de células epiteliais malignas em meio a tecido fibroso denso (reação desmoplásica). 

As células são poligonais ou arredondadas, núcleo volumoso com cromatina densa, nucléolo evidente e citoplasma amplo. Atividade mitótica intensa. Extensas áreas de necrose. 

O aspecto desta metástase é muito semelhante ao da neoplasia primária.

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Reação desmoplásica. Os blocos de células neoplásicas situam-se em meio a abundante tecido fibroso denso. 
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Atividade mitótica
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Áreas de necrose
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IMUNOHISTOQUÍMICA. O tumor mostrou-se positivo para antígenos epiteliais (EMA, CEA, CK7, 34ßE12, 35ßH11).  Foi negativo para VIM (positiva no estroma).  Quanto a antígenos com importância prognóstica, foi positivo para c-erb B2 e para receptor de estrógenos, negativo para receptor de progesterona.  O antígeno sinalizador de proliferação celular, Ki-67 ou mib-1, foi positivo em alta proporção das células neoplásicas, assim também a proteína p53. 

Foram negativos: CK20 (citoqueratina habitualmente positiva em tumores colorretais) e o antígeno específico GCDFP-15 (gross cystic disease fluid protein), também conhecido como brst-2 (Signet, clone D6). Este é fortemente expressado em células com características apócrinas e positivo em cerca de 60% dos carcinomas da mama. 

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EMA (Epithelial Membrane Antigen)O anticorpo reconhece episialina, uma sialomucina de alto peso molecular (265-400 kD) presente na superfície de vários tipos de células epiteliais, normais e neoplásicas. Entre as normais, reage fortemente com epitélio mamário e outros epitélios glandulares, mas em epitélios escamosos a coloração é focal.  É positivo em carcinoma da mama. 
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CEA (Carcino-embryonic antigen)Reage com uma proteína altamente glicosilada de 180 kD, sintetizada durante o desenvolvimento no intestino fetal e em vários tumores. Cora a superfície celular e o citoplasma de células de adenocarcinomas coloretais.  Também cora tecidos normais da mama, pulmão e fígado.  Aqui, fortemente positiva nas células tumorais. 
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CK7. Queratina do tipo II (54 kD), de epitélios simples não queratinizados, epitélio glandular e ductal.  Habitualmente positiva em adenocarcinomas, inclusive mamários. 
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34bE12. Anticorpo monoclonal para queratinas de alto peso molecular (tipo 1, 5, 10 e 14), habitualmente positivo em epitélio do tipo escamoso. Aqui presente só em células isoladas. 
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35bH11. Anticorpo monoclonal que reconhece citoqueratina humana 8, de baixo peso molecular (54 kD). Cora epitélios colunares.  Aqui forte e difusamente positivo nas células tumorais. 
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VIM. Negativa nas células tumorais, positiva no estroma. Resultado esperado neste tipo de tumor. (Contudo, VIM é habitualmente positiva em carcinomas renais e endometriais.)
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c-erb B2.  Proteína transmembrana de 185 kD, que é um receptor do tipo tirosina-quinase para o fator de crescimento epidérmico (epidermal growth factor ou EGF).  Positivo em  15-30%  dos carcinomas ductais invasivos, praticamente todos os casos de doença de Paget e até 70 % dos carcinomas ductais in-situ. Sua positividade correlaciona-se com pior prognóstico. Positivo na membrana e citoplasma das células neoplásicas. Leitura segundo a tabela abaixo seria score +3, interpretação - positivo forte. 
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Leitura do resultado imunohistoquímico do c-erb B2. 
Dako Corporation, Hercep Test (Proceeding Manual, 3rd Ed). Glostrup Denmark, 2001. 
Score Interpretação
Ausência de marcação ou marcação de menos que 10% das células tumorais
0
negativo
Positivo fraco em parte da membrana celular em mais que 10% das células tumorais
+1
negativo
Positivo fraco a moderado em toda a membrana em mais que 10% das células tumorais
+2
positivo fraco
Positivo forte e completamente nas membranas de mais que 10% das células tumorais
+3
positivo forte
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RE (Receptor de estrógenos).  Proteína localizada no núcleo. Sua presença sugere que as células neoplásicas podem ser estimuladas a crescer por estes hormônios. Por isso, tumores positivos para receptores de estrógenos podem responder a terapia hormonal, sendo considerados de melhor prognóstico. A terapia hormonal baseia-se principalmente na droga tamoxifeno, que modula para baixo os receptores estrogênicos, diminuindo o estímulo para o crescimento tumoral. Mais recentemente, inibidores da aromatase (estrógeno-sintetase) também têm sido usados.  Nesta metástase, só raros núcleos mostram positividade, em contraste com o tumor no sítio original, onde a proporção de núcleos marcados é maior (ver). 
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RP (Receptor de progesterona). Aqui, negativo. A positividade para receptores de progesterona é um indício de que os receptores para estrógeno, se presentes, são funcionantes, pois a síntese do RP depende de ação estrogênica. 
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Ki-67 (mib-1). Este marcador de proliferação celular aqui é positivo em cerca de 30% dos núcleos. É uma proteína presente em todas as células que estão em ciclo de divisão celular e ausente nas células em G0, que não se dividem. A expressão do antígeno ocorre nas fases G1 tardia, S (síntese de DNA), M (mitose) e G2.  Faz parte do arcabouço proteico da cromatina.  Mib-1 é um anticorpo adequado para demonstração da proteína Ki-67 em cortes de parafina. 
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p53. O acúmulo desta proteína em núcleos, demonstrável por IH, sugere que se trate de formas mutantes e ineficientes, pois a proteína normal é logo degradada. Como a proteína p53 normal é essencial para a manutenção da integridade do genoma, a alta proporção de células com proteína mutante indica maior agressividade e pior prognóstico do tumor.  Compare com o tumor original, onde o número de núcleos marcados é muito menor. 
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COMPARAÇÃO ENTRE A METÁSTASE E O TUMOR NA MAMA
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METÁSTASE TUMOR NA MAMA 
(da recidiva local de 2002)
HE
EMA
CEA
CK7
34
ßE
12
35
ßH
11
VIM
c-
erb B2
RE
RP
Ki67
p53
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Comentário. Há alta concordância entre os perfis imunohistoquímicos da metástase e do tumor original.  As principais diferenças estão na menor expressão de RE (receptor de estrógeno) e maior proporção de células positivas para p53 na metástase em relação ao primário.  Ambas falam a favor de um comportamento mais agressivo da metástase, estudada 1 ano e 4 meses depois da mastectomia. 

Agradecimentos.  Ao Dr. Leandro Luiz Lopes de Freitas, médico contratado do Depto de Anatomia Patológica da FCM - UNICAMP,  por orientação no estudo imunohistoquímico deste caso. 

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