RETOCOLITE
CRÔNICA ULCERATIVA IDIOPÁTICA
É uma doença úlcero-inflamatória recidivante,
de etiologia desconhecida, que afeta o reto, podendo estender-se retrogradamente
ao sigmóide e ao restante do intestino grosso. Inicia-se principalmente
da 2a. à 4a. década, mas pode persistir por anos ou por toda
a vida. A causa é desconhecida. Caracteriza-se por períodos
ativos e remissões cuja duração é muito variável.
Na fase ativa há ataques de diarréia mucosanguinolenta que
podem durar dias, semanas ou meses. As crises se acompanham de dor em cólica
no abdomen inferior e freqüentemente são precipitadas por períodos
de stress emocional. Podem alternar-se com períodos de constipação.
Em 97% dos pacientes há pelo menos uma recidiva após o primeiro
episódio. Cerca de 30% necessitam colectomia total dentro de 3 anos.
Anátomo-patologicamente, as lesões restringem-se à
mucosa e submucosa, poupando a camada muscular e a serosa. Há ulcerações
localizadas e multifocais, que se iniciam pelos chamados abscessos em
cripta: neutrófilos coletam-se na luz das glândulas,
destruindo-as. Os abscessos podem romper-se na luz e/ou estender-se à
submucosa, solapando a mucosa em volta, a qual se levanta parcialmente,
ficando presa por pedúnculos. Esta é a origem dos pseudopólipos
inflamatórios, um sinal altamente típico da doença,
que persistem mesmo em fases de remissão ou cura.
Na fase ativa há forte congestão dos vasos da mucosa e submucosa,
hemorragias, infiltrado linfoplasmocitário com neutrófilos,
necrose das células epiteliais da mucosa, originando áreas
erosadas, e depleção das células caliciformes:
podem desaparecer completamente mesmo quando o epitélio está
íntegro. As células caliciformes voltam a aparecer nas fases
de remissão.
Complicações
da RCU.
# Megacólon
tóxico. Ocorre em RCU muito aguda, em que há dano
tóxico à camada muscular e ao plexo mioentérico, levando
a falência completa da função neuromuscular do intestino
grosso. O cólon dilata-se, fica fino e rasga-se como papel molhado,
não resistindo à manipulação mais cuidadosa.
Pode ser considerada como gangrena. Ver peça TGI-75.
Exige colectomia imediata e tem alta mortalidade. A patogênese é
desconhecida. Geralmente envolve o cólon transverso e o sigmóide
(segmentos sem suporte retroperitonial). Microscopicamente, a mucosa e
a submucosa sofrem descamação e a camada muscular torna-se
muito fina, congesta, edemaciada e necrótica.
# Carcinoma.
Na RCU há freqüentemente lesões displásicas,
focais ou difusas, não raro extensas. A incidência global
de carcinoma do cólon é 20 a 30 vezes maior em RCU que na
população em geral. A maioria dos tumores é único
e no reto, mas a incidência de tumores múltiplos também
está aumentada. Quando há envolvimento de todo o cólon,
a incidência de Ca. é cerca de 1% aos 10 anos de duração
da doença, 3,5% aos 15 anos, e > 30% aos 30 anos. Os tumores tendem
a ser achatados e infiltrativos, do tipo mucinoso (lembrando a linite plástica
do estômago) e altamente malignos.