Cervicite  crônica inespecífica
Metaplasia escamosa do colo uterino
Lam. A. 101

 
Aspectos macroscópicos do útero 
(em peças de histerectomia)

 

 
A parte do colo uterino visível na vagina é a ectocérvice, e é revestida por epitélio plano estratificado não  corneificado, tendo cor esbranquiçada. A endocérvice vai do orifício cervical externo ao interno (região do istmo ou transição para a cavidade endometrial). Tem glândulas mucosas que se abrem no canal endocervical. Tanto as glândulas como o epitélio do canal são do tipo cilíndrico simples mucoso. 

 
A peça GF-10  (da coleção didática) é para demonstrar leiomiomas, mas aqui a estamos usando para ver o aspecto normal da mucosa endocervical após a abertura do canal cervical. Parte do útero foi removida. A mucosa endocervical tem aspecto ranhurado, correspondente à abertura das glândulas. 



 
Lâmina  A. 101

 

 
 
O fragmento mostra o colo uterino, constituído pela ectocérvice, revestida por epitélio plano estratificado não corneificado, e sem glândulas;  e pela endocérvice, com numerosas glândulas tubulares mucosas abrindo-se na superfície. O retângulo azul salienta a zona de transformação ou zona T, onde o epitélio mucoso endocervical foi substituído por epitélio plano do tipo ectocervical (portanto, um exemplo de metaplasia escamosa). O epitélio metaplásico obstrui a saída de glândulas endocervicais, levando a acúmulo de secreção mucosa dentro das glândulas (cistos de Naboth).



 
 
ECTOCÉRVICE
 
A ectocérvice normal é revestida por epitélio plano estratificado não corneificado. A estratificação é regular. A camada basal é constituída por uma única camada de células escuras (citoplasma escasso). À medida que as células se superficializam, a quantidade de citoplasma aumenta, as células achatam-se e adquirem glicogênio, que aparece como vacúolos claros no citoplasma. Os núcleos ficam pequenos, picnóticos e tendem a desaparecer. Não há glândulas na ectocérvice. O epitélio está assentado sobre tecido conjuntivo frouxo moderadamente vascularizado, o córion ou lâmina própria (termo válido para o tecido conjuntivo subepitelial de qualquer mucosa). 



 
ENDOCÉRVICE
 
A endocérvice normal é revestida por epitélio cilíndrico simples mucoso, cujo aspecto é o mesmo do das glândulas endocervicais.  Em áreas com cervicite há infiltrado inflamatório crônico inespecífico, constituído por linfócitos e plasmócitos na lâmina própria. Se a cervicite for intensa o epitélio de revestimento pode estar erosado.  Fala-se então em cervicite crônica erosiva (não é o caso aqui).  Quando há neutrófilos além das células inflamatórias crônicas fala-se em cervicite crônica ativa (ver abaixo, na zona de transformação). 



 
ZONA  DE  TRANSFORMAÇÃO
 
A chamada zona de transformação ou zona T é a porção da endocérvice mais próxima do orifício externo do canal cervical e, portanto, limítrofe com a ectocérvice. Nesta região é comum a ocorrência de  metaplasia escamosa. O epitélio de revestimento da endocérvice, que deveria ser cilíndrico mucoso igual ao das glândulas, sofre metaplasia para epitélio plano estratificado não corneificado semelhante ao da ectocérvice.  As glândulas endocervicais abaixo da superfície mantêm aspecto normal. Na zona de transformação também é comum haver processo inflamatório crônico inespecífico (cervicite crônica).  Os cistos de Naboth, freqüentemente observados nesta região, são glândulas endocervicais dilatadas porque seu orifício de saída foi obstruído pelo epitélio metaplásico. Seu revestimento é de epitélio cilíndrico simples mucoso, igual ao de outras glândulas endocervicais. 

A importância da zona de transformação é que o epitélio metaplásico pode ser sede de atipias celulares chamadas de displasia (de graus leve, moderado ou grave).   Neste caso, as células do tipo basal passam a ocupar mais de uma camada (normalmente só ocupam a primeira camada) e podem apresentar atipias nucleares. A displasia grave é considerada um carcinoma in situ, que é precursor do carcinoma do colo uterino. (Clicar nos links para as páginas correspondentes). 

CISTOS  DE  NABOTH

 
 

COMPARAÇÃO  ENTRE  ÁREAS  DE  EPITÉLIO  CERVICAL  PLANO 
NORMAL  E  METAPLÁSICO,  FOTOGRAFADAS  NO  MESMO  AUMENTO

NORMAL METAPLÁSICO

 
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