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Trombose
recente (em veia) e antiga (em artéria femoral),
em membro inferior amputado por gangrena.
A veia mostra-se fortemente dilatada por trombo recente. Observe massa trombótica constituída por sangue (hemácias integras e lisadas), alguns neutrófilos e abundante fibrina. A fibrina é rósea, na forma de grumos e/ou filamentos em várias direções. Em alguns pontos da parede do vaso há aderência do trombo. Nestes trechos, células endoteliais e mesenquimais totipotentes começam a proliferar e permear a massa trombótica e a se organizar, formando alguns pequenos lumens vasculares (inicio da organização). Há também macrófagos claros xantomatosos (contendo gotículas de gordura) e hemossiderófagos (hemossiderina), ambos decorrente da lise de hemácias. A artéria apresenta trombose antiga canalizada: a luz original do vaso está totalmente preenchida por células conjuntivas e crivada por novos lumens vasculares, revestidos por endotélio. Do ponto de vista funcional, porém, a canalização é insuficiente, pois não há restabelecimento de fluxo sanguíneo abundante. |
Lâmina
escaneada,
mostrando os dois cortes. A artéria (embaixo) e a veia (em cima) estão representadas em níveis diferentes. Esta imagem com 600 dpi (dots per inch). Abaixo, ambas com 1200 dpi. |
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Trombo
venoso recente. Área de adesão
à parede.
O trombo é parietal, isto é, aderido à veia em só um trecho (cerca da metade da circunferência). É um trombo vermelho, constituído principalmente por hemácias, e tem estrutura lamelar, refletindo a deposição de hemácias e fibrina em camadas sucessivas. A região da adesão tem tom mais claro, que decorre da degeneração das hemácias e substituição pelas células da organização do trombo. |
Aderência do trombo e organização. A camada média da veia é constituída por fibras musculares lisas circulares, mas intercaladas a tecido fibroso. No local da aderência do trombo, não se observa mais endotélio. O trombo original (de hemácias e fibrina) foi aí modificado pela invasão de células totipotentes que vêm da camada subendotelial. Formam macrófagos que fagocitam as hemácias, miofibroblastos e fibroblastos que depositam colágeno. Células endoteliais formam novos capilares, que ajudam a fornecer células para a organização. |
Borda
da aderência.
Neste ponto, há transição entre a parte do trombo que está aderida à veia e a parte livre. A luz restante é fina e em forma de crescente. O trombo vermelho é praticamente indistinguível de um coágulo. É só a aderência à parede com organização é que o define como trombo (massa sólida intravascular formada por elementos do sangue durante a vida). |
Fibrina,
macrófagos, siderófagos.
Neste outro corte (na mesma lâmina), observamos outros fenomenos da organização do trombo. Dentro do retângulo verde, a área à esquerda contém fibrina em grumos condensados, já sem hemácias. A região mais clara à direita contém macrófagos que fagocitaram as hemácias. Ficaram com aspecto espumoso (citoplasma xantomatoso) devido aos lípides oriundos das células degeneradas. Na periferia da área clara observam-se macrófagos com hemossiderina, pigmento que contém o ferro derivado da hemoglobina. |
Área
de fibrina condensada.
Nesta região do trombo, os filamentos de fibrina, que inicialmente são muito finos, condensaram-se por perda de água e já estão sofrendo ação de células, principalmente macrófagos, que fagocitam restos de hemácias. Os macrófagos aparecem entre os grumos de fibrina. Com o tempo, a ação deles levará ao desaparecimento completo da mesma. É o que já ocorreu na área seguinte. |
Área
do trombo já digerida por macrófagos.
Aqui, hemácias e fibrina não são mais reconhecíveis, já que foram fagocitadas e digeridas por macrófagos. Estes são abundantes e têm citoplasma rico em lípides, aparecendo claro e microvacuolado (xantomatoso). |
Hemossiderófagos.
Na margem da área rica em macrófagos xantomatosos, há macrófagos que fagocitaram hemossiderina, o pigmento rico em ferro derivado da hemoglobina das hemácias degeneradas. A hemossiderina toma a forma de grãos marrons grosseiros e refringentes, contidos no citoplasma de macrófagos, também chamados de siderófagos. |
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Trombo
arterial antigo, já canalizado.
A artéria mostra a evolução final do processo de organização de um trombo, cujas etapas iniciais vimos na veia ao lado. Ao longo do tempo (semanas a meses) os elementos originais do trombo são fagocitados e digeridos. Novos vasos, pequenos a princípio, fundem-se em canais maiores. Contudo, é excepcional que haja reconstituição de uma luz funcionalmente útil, pois o resultado final geralmente são luzes menores e insuficientes. É o que se observa no exemplo ao lado. |
Parede
da artéria.
A parede arterial, como a venosa, tem três camadas, a adventícia, média e íntima. A adventícia, mais externa, é formada por fibras colágenas. A camada média é constituida basicamente por fibras musculares lisas em arranjo circular, e limitada internamente pela membrana elástica interna. A íntima normal é formada só por uma camada de células endoteliais. Aqui, não é mais visível, tendo sido substituída ou fundida com o trombo organizado. |
Trombo
organizado e canalizado.
O tecido que fica por dentro da membrana elástica interna e entre as luzes vasculares novas é formado por células de linhagem conjuntiva, principalmente fibroblastos e células musculares lisas. Ambas depositam abundantes fibras colágenas entre elas. O tecido fibroso resultante contém também pequenos vasos revestidos por endotélio. |
Estes cortes no Tricrômico de Masson. O tricrômico de Masson, uma coloração para tecido conjuntivo (para técnica, clique), é muito útil para estudar as etapas da trombose, porque distingue as fibras colágenas (coram-se em azul) das células dos varios tipos (coram-se em vermelho). Para imagens destes preparados clique). |
Agradecimentos. Preparo das lâminas deste caso pela técnica Luzia Aparecida Magalhães Ribeiro Reis. Laboratório de Pesquisa, Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP. Campinas, SP. |
ver lista |
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