Doença
de McArdle. Temos
aqui um exemplo de acúmulo de glicogênio em fibras musculares
esqueléticas na doença de McArdle (glicogenose tipo V).
A doença é autossômica recessiva e acarreta a falta
da enzima fosforilase muscular, que é a primeira enzima da
cadeia de quebra do glicogênio (glicogenólise). A falta da
enzima leva ao acúmulo de glicogênio na forma de vacúolos
subsarcolemais (abaixo da membrana externa da fibra). Isto é
demonstrado nas figuras acima em duas colorações: à
esquerda, com tricrômico de Gomori modificado, que cora as fibras
musculares em verde. O glicogênio aparece como um vacúolo
descorado; à direita, o corte foi corado com PAS (ácido
periódico + reativo de Schiff) que cora o glicogênio em vermelho
magenta.
Clinicamente, a doença se manifesta na idade adulta como intolerância
ao exercício físico intenso, que causa câimbras. Sob
atividade forte e brusca (p. ex. jogar futebol), o músculo cataboliza
glicogênio para obter ATP mais rapidamente (via da glicólise
anaeróbia). O ciclo de Krebs, que requer oxigênio, fornece
muito mais ATP, mas as reações tomam mais tempo. Na falta
da enzima fosforilase não é possível mobilizar o glicogênio
para hidrólise. A fibra entra em carência aguda de ATP, há
falha nas bombas iônicas de membrana e pode haver entrada de cálcio
e morte da fibra (rabdomiólise). |