Cromomicose  cerebral.   1. Macro, HE 
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Utilizamos um caso observado e publicado por nós em 1979. O bloco original de parafina foi recuperado, novas lâminas foram coradas com HE e colorações especiais.  Transcorridos 32 anos, não tivemos mais nenhum caso desta rara infecção, seja em material cirúrgico ou de autópsia. 

Masc., 59 anos. Cefaléia difusa de média intensidade iniciada em outubro de 1977, associada a parestesia de braço e perna esquerdos. Na internação, após 1 mês, apresentava desvio da rima bucal para a direita e diminuição de força muscular nos membros à esquerda. Houve piora progressiva, com crises de alucinação visual, agitação psicomotora e vômitos freqüentes, evoluindo para coma.  Ausência de antecedentes epidemiológicos significativos. Ao exame – hemiplegia espástica completa proporcionada à esquerda, sinais da série meningorradicular.  Veio a falecer em junho de 1978. 

Encéfalo pesou 1550 g., com intenso edema difuso, hiperemia generalizada da leptomeninge, hérnia de uncus bilateral, intensa aterosclerose dos vasos da base.  Cortes frontais revelaram, nos núcleos da base à direita, abscesso encapsulado com 1,5 cm de diâmetro, com conteúdo pastoso esverdeado, afetando as cápsulas externa e interna, putamen, claustrum, e atingindo o ventrículo lateral. Ventrículos de volume normal, sem desvio da linha média.  No relato original consta também disseminação liquórica e meningite de base, com lesões secundárias na medula oblonga, cerebelo e hipocampo. 

Publicação original em  Queiroz LS, Nucci A, Faria FBL, Pedro RJ, Facure NO.  Cromomicose cerebral. Registro de um caso. Arquivos de Neuro-psiquiatria, São Paulo 37 : 303-310, 1979). 

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Nesta página : macro, HE.  Em outras páginas : Grocott + hematoxilina, Grocott + verde luz, tricrômico de Masson, breve texto sobre  cromomicose cerebral. 
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Destaques  da  microscopia. 
HE.  Lesões circunscritas ricas em fungos pigmentados, circundadas por cápsula fibrosa.  Reação inflamatória crônica inespecífica, tecido de granulação.  Endarterite produtiva de pequenos vasos na periferia da lesão. 
Gliose reacional.   Astrócitos gemistocíticos no tecido nervoso limítrofe.  Leveduras.  Fungos com cor marrom própria, em formas arredondadas. Hifas. Fungos pigmentados em forma de células alongadas em seqüência linear ou com ramificações. 
Grocott + hematoxilina  Grocott + verde luz Tricrômico de Masson
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Foto do cérebro. 

Foi obtida a partir do artigo original de nossa autoria,  por escaneamento de uma fotocópia xerox da figura impressa em branco e preto na revista.  Aqui reproduzida para demonstrar a extensão e localização da lesão.

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Foto do bloco de parafina, 

da autópsia realizada em 1978. A lesão situa-se nos núcleos da base e cápsula interna do hemisfério cerebral direito. A cor marrom da mesma no bloco pode ser atribuída à pigmentação própria dos fungos, em grande quantidade. 

Esta foto pelo fotógrafo do Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP, Sr. Adilson Abílio Piaza

 
HE
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Aspecto geral. 

O centro da lesão era constituído por tecido necrótico, no meio do qual chamavam a atenção fungos de coloração pardacenta própria (sem colorações especiais).  Os fungos apresentavam-se predominantemente em forma de leveduras (fungos arredondados),  havendo também hifas (células alongadas em continuidade, formando filamentos). 

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Em torno   das áreas necróticas havia  reação inflamatória crônica inespecífica com intensa fibrose,  testemunhando a longa duração da lesão. 
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Reação inflamatória, 

na periferia da área central necrótica, apresenta-se como tecido de granulação rico em pequenos vasos e abundantes células inflamatórias crônicas (linfócitos, plasmócitos, macrófagos). Há fibras colágenas finas em orientação paralela, melhor observadas no tricrômico de Masson. Pequenos vasos mostram endarterite

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Endarterite. 

Infiltrado de células inflamatórias na íntima de pequenos vasos na área inflamada. Trata-se de reação inespecífica, independente do agente lesivo (neste caso, cromomicose). 

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Vasos, reação  inflamatória.    A reação inflamatória nos pequenos vasos periféricos à lesão pode levar à infiltração da íntima das pequenas artérias por células inflamatórias, com redução da luz.  O fenômeno, chamado endarterite produtiva, causa isquemia do tecido e necrose coagulativa, como no presente caso. O fenômeno não é exclusivo da cromomicose, sendo observado em lesões por vários outros agentes, como o toxoplasmose. Alguns pequenos vasos mostram necrose completa e infiltração por fungos. 
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Gliose  reacional. 

A lesão inflamatória induz hiperplasia dos astrócitos nas proximidades, que se transformam em astrócitos gemistocíticos. São formas reacionais, que independem do tipo de lesão desencadeante.  Caracterizam-se por citoplasma abundante e róseo, e núcleo deslocado para a periferia. 

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Fungos - leveduras.    Os fungos causadores da cromomicose são intrinsecamente pigmentados e bifásicos - podem exibir formas arredondadas (que aqui chamamos leveduras) ou hifas (alongadas) na mesma área de tecido. Na natureza ou em cultura, a forma predominante depende do meio ambiente. No presente caso, predominam as leveduras. A reprodução é observada como brotamento ou, mais raramente, cissiparidade (divisão de uma célula em duas por clivagem simétrica). Brotamento a partir de uma levedura pode constituir hifas, mostrando a freqüente transição entre ambas formas (dimorfismo). 
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Fungos - hifas.  Formas alongadas ou cilíndricas, que se acoplam em sequência retilínea ou  com ramificações,  formando filamentos.  Coexistem num mesmo campo com as leveduras. 
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Preparados nesta página pelo técnico de colorações especiais do Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP,  Sr. Sérgio Roberto Cardoso. A ele, nossos sinceros agradecimentos. 
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 Para colorações especiais deste caso: Grocott + hematoxilina Grocott + verde luz; 
tricrômico de Masson
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Para cromomicose no curso de graduação (pele) Peça Lâmina
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Texto  sobre  cromomicose
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