Hipofisite  linfocitária

 
O material foi enviado como tumor hipofisário, presumivelmente adenoma. Porém, um rápido exame revelou ausência de tecido hipofisário normal ou neoplásico. O material era constituído por células inflamatórias crônicas inespecíficas em meio a tecido fibroso frouxo, chegando a formar folículos linfóides. 
Aspecto geral.  .
Extensa substituição do tecido adenohipofisário por infiltrado inflamatório inespecífico, chegando a formar folículos linfóides,  em meio a tecido fibroso. 

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
Grupos de células adenohipofisárias remanescentes foram notadas com AE1AE3 (pancitoqueratina) e hormônio de crescimento. Não havia células positivas para prolactina.  Com antígenos destinados a células inflamatórias, foram encontrados todos os tipos principais: linfócitos T e B, plasmócitos produtores de cadeias kappa e lambda, e macrófagos. 
AE1AE3. Demonstra pequenos blocos remanescentes de células adenohipofisárias, positivas para pancitoqueratina. 
GH.  Algumas células positivas para hormônio de crescimento persistiam, mas não foram mais encontradas células reativas para prolactina. 
PRL
CD3. Tanto linfócitos T (positivos para CD3) e linfócitos B (positivos para CD20, quadro abaixo) estavam presentes em números mais ou menos equilibrados. 
CD20. Linfócitos B. 
CD68. Demonstra macrófagos em meio ao infiltrado inflamatório. 
Kappa. Plasmócitos. 
Lambda. Plasmócitos. 

Hipofisite linfocitária. 

Clínica.  É uma entidade rara, que clinicamente se apresenta como massa expansiva na região selar, tipicamente no fim da gravidez ou no puerpério, com sinais de insuficiência hipofisária. Há casos não relacionados à gravidez, e em homens. A doença deve ser suspeitada quando o grau de hipopituitarismo é desproporcional ao tamanho da massa. 

É comum haver hiperprolactinemia, que pode ser reflexo de destruição do tecido hipofisário ou um efeito da lesão da haste hipofisária. Pode manifestar-se como deficiência de um hormônio isoladamente. Diabetes insipidus é infreqüente. Como há expansão supraselar da massa, pode haver cefaléia e distúrbios visuais. Outras queixas incluem falta de retomada das menstruações no pós-parto e ausência de lactação. 

Radiologia.  Na RM, há aumento simétrico da hipófise, com intensa impregnação por contraste. 

Anatomia Patológica.  Microscopicamente, a hipófise apresenta-se invadida ou substituída por linfócitos, com participação de plasmócitos e histiócitos. Pode haver formação de folículos linfóides com centros germinativos. Contudo, não há granulomas de células epitelióides e gigantes. Agrupamentos de células adenohipofisárias remanescentes são reconhecíveis, mesmo em casos avançados.  Eventualmente, há substituição por tecido fibroso, que pode ser extensa. 

Patogênese.  Há base autoimune, tanto humoral como celular.  O fenótipo linfocitário inclui células B e T.  No soro são detectados anticorpos tanto contra tecido hipofisário como contra hormônios, principalmente prolactina e ACTH.  Outras glândulas endócrinas da paciente podem também apresentar infiltrado linfocitário, como adrenais, tiróide e paratiróides. É relatada associação com tiroidite de Hashimoto. 

O diagnóstico de certeza é histopatológico, pelo exame de uma biópsia do tecido glandular, para afastar-se principalmente macroadenomas. 

O tratamento pode incluir descompressão cirúrgica das vias ópticas, e reposição hormonal. 

Fontes : 

Burger PC, Scheithauer BW, Vogel FS.   Surgical Pathology of the Nervous System and Its Coverings.  4th Ed. 2002.  Churchill Livingstone, New York. p 487. 

Atlas SW.  Magnetic Resonance Imaging of the Brain and Spine.  3rd Ed. 2002.  Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia. p. 1346.
 


 
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