Esquistossomose  medular 

 
Esquistossomose medular. O material enviado constava de múltiplos pequenos fragmentos, retirados sob suspeita de tumor intramedular (astrocitoma ou ependimoma). O encontro dos ovos do parasita foi surpresa. 
Fragmentos de medula espinal mostrando numerosos motoneurônios. No parênquima medular observam-se  granulomas, vários com ovos de Schistosoma mansoni em diversos estágios, desde viáveis a necróticos e calcificados. 
Em pequeno aumento, o tecido nervoso está preservado e motoneurônios são numerosos (detalhes abaixo). Há, contudo, gliose, na forma de astrócitos gemistocíticos, reativa à presença dos parasitas (detalhes abaixo).  Os granulomas são vistos como agrupamentos densos de células inflamatórias. Muitos contêm ovos. Em outros granulomas ovos não são notados, talvez por estarem fora do plano de corte. Na leptomeninge há também infiltrado inflamatório linfocitário (inespecífico). 

 
Ovos de S. mansoniVários aspectos, dependendo da fase de evolução ou da viabilidade dos parasitas.  O ovo chama a atenção pela sua casca quitinosa refringente e amarelada, melhor notada variando o foco. No interior observa-se amplo citoplasma róseo, sem ou com núcleos. Ovos com vários núcleos já estão em fase da formação do embrião (miracídio). Quando os núcleos estão picnóticos e o conteúdo do ovo é denso e fragmentado, provavelmente houve necrose do parasita, que evolui para calcificação (cor fortemente basófila, sem núcleos). Independente da fase, os ovos geralmente estão circundados por granulomas e/ou parcialmente englobados por gigantócitos. 
Ovos sem núcleos. Interpretados como viáveis, não embrionados. 
Acima, mesmo campo em focos ligeiramente diferentes, para mostrar o caráter refringente e a cor amarelada da cápsula ou casca. 
Ovos embrionados viáveis.  Nestes, notam-se núcleos de aspecto ativo, com cromatina frouxa e nucléolo, sugerindo síntese proteica. Os núcleos podem confundir-se com os de gigantócitos. Como muitos ovos estão sendo fagocitados por gigantócitos, a maneira de distinguir é pela presença da casca. 
Ovos necróticos. Os núcleos são picnóticos e o citoplasma heterogêneo, com alternância de áreas acidófilas e basófilas (estas devidas provavelmente à deposição de sais de cálcio). 
Ovos calcificados. Nestes, há intensa basofilia e não se distinguem estruturas, exceto a casca. Tornam-se quebradiços e são fraturados pela navalha. 

 
Fases  dos  granulomas. Observam-se granulomas em diferentes fases.  Abaixo, dois granulomas em fase inicial, cada um consistindo basicamente de um agrupamento de linfócitos ao redor de um ovo. Há formação incipiente de células epitelióides (maior quantidade de citoplasma róseo entre os núcleos das células inflamatórias).  Ver abaixo. 
Granulomas de células epitelióides.  As células epitelióides são macrófagos modificados pela resposta imune (por ação dos linfócitos T) e são considerados o elemento essencial do granuloma. Os macrófagos estimulados pelas linfocinas adquirem maior quantidade de citoplasma e o núcleo fica maior,  mais frouxo e alongado, assemelhando-se a núcleo de fibroblasto. Em pequeno aumento, o granuloma logo chama a atenção pelo agrupamento compacto de células. As células epitelióides destacam-se pelo caráter róseo, devido à abundância de citoplasma. No centro, um ovo necrótico. 
Gigantócitos. São macrófagos multinucleados que participam do granuloma mas não são essenciais (os elementos essenciais são as células epitelióides). Podem ser também encontrados fora de granulomas. Fagocitam os ovos ou cascas. 
Acima, mesmo campo em focos diferentes, para destacar a casca de um ovo no citoplasma de um gigantócito. 
Evolução dos granulomas. Após a eliminação do estímulo nocivo (no caso, o ovo do parasita), o granuloma evolui para fibrose. Há regressão das células epitelióides e gigantes, e proliferação de fibroblastos com produção de colágeno, restando ao fim uma pequena cicatriz fibrosa. 

Neurônios. Os grandes motoneurônios multipolares da ponta anterior da medula são abundantes no espécime e parecem pouco alterados pelo processo inflamatório. 

Gliose - astrócitos gemistocíticos. Astrócitos gemistocíticos são freqüentes entre os corpos celulares dos neurônios. São formas inespecíficas de reação a lesão, e caracterizam-se por citoplasma róseo abundante e homogêneo (aspecto em vidro fosco) e núcleo excêntrico, sendo comuns células binucleadas. 

 
Caso do Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Limeira, SP (Chefe Prof. Dr. Antonio Augusto Roth-Vargas), gentilmente contribuído pelos Drs. Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff, Hoyama da Costa Pereira, Caio Sauer e Lúcio Schoenmann do Nascimento. 

 
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