Displasia  cortical  do tipo  Taylor
2 - Imunohistoquímica para astrócitos

 

 
 

VIMENTINA

VIM. - Lâmina escaneada. 

Vimentina foi a reação que deu melhor destaque às anormalidades astrocitárias neste caso de displasia cortical do tipo Taylor. Na porção mais afetada, o córtex da profundidade do sulco é fortemente positivo em toda sua espessura (quadros 1 e 2). No quadro 2 uma pequena artéria penetra verticalmente no córtex, e há alterações gliais ao longo da mesma. Na área 3 as alterações gliais são focais, dando aspecto manchado ao tecido. No quadro 4, uma área de córtex em que as anormalidades se concentram na IV e V camadas. Em todas as regiões, o que aparece em marrom forte neste pequeno aumento corresponde a astrócitos fibrosos dismórficos, com corpos celulares grandes e prolongamentos espessos, não raro em íntima relação com neurônios também displásicos. 

Abaixo, detalhes destas regiões. 


 
Área 1 - Córtex displásico na profundidade do sulco (área mais afetada). A vimentina destaca grandes células dismórficas, presumivelmente de linhagem astrocitária distribuídas irregularmente no tecido, interpretadas como correspondentes às balloon cells vistas na HE.  Além delas há um número maior de astrócitos pequenos do tipo fibroso. Os neurônios, dismórficos ou não, não reagem. Há freqüentes imagens de contato entre os corpos celulares de astrócitos e neurônios, o que nunca é observado em tecido normal (habitualmente, apenas os prolongamentos distais dos astrócitos protoplasmáticos tocam os neurônios). 
Astrócitos dismórficos. Prolongamentos grosseiros e irregulares, corpos celulares volumosos com citoplasma abundante, às vezes lembrando astrócitos gemistocíticos, binucleação. 
Notar que estamos chamando de astrócitos displásicos as grandes células positivas para vimentina porque os astrócitos normais são positivos para esta proteína e os neurônios negativos.  Porém, em se tratando de um tecido profundamente anormal, não é possível ter certeza se estas células anômalas não estariam expressando simultaneamente antígenos neuronais. Para esclarecer este ponto seria necessária dupla marcação, o que não foi feito aqui. 
Neurônios displásicos e sua relação com astrócitos. Os neurônios são vimentina negativos. Há vários exemplos de íntimo contato entre os corpos celulares de astrócitos e neurônios displásicos. 
Limite córtex - substância branca.  Balloon cells As balloon cells marcam-se fortemente para vimentina, como os astrócitos dismórficos das camadas acima. 
Substância branca gliótica. Contém principalmente astrócitos fibrosos de morfologia mais próxima do normal, com algumas balloon cells esparsas. 

 
Área 2 - Córtex displásico em volta de uma pequena artéria. 

As alterações são semelhantes às da área 1, com astrócitos dismórficos e uma densa trama de fibras gliais acompanhando o vaso. 

Ver esta área em pequeno aumento na lâmina escaneada.


 
Área 3 - Córtex cerebral na convexidade de um giro, mostrando as camadas superficiais pobres em astrócitos, que são do tipo protoplasmático, com prolongamentos curtos, tortuosos e tênues, expressando pouco vimentina. 

Nas camadas abaixo, há nítidos focos de astrócitos displásicos grandes, com citoplasma abundante e prolongamentos espessos, que se destacam já no aumento fraco. Entre os focos, o aspecto é o mesmo das camadas superficiais, com astrócitos protoplasmáticos de padrão normal. 

Ver esta área em pequeno aumento na lâmina escaneada.

Tecido entre os focos de astrócitos anômalos contém apenas astrócitos protoplamáticos. Há vasos marcados nestes intervalos, mostrando que a reação ocorreu, e o padrão focal não é artefato de técnica. 

 
Área 4 - Este segmento de córtex apresenta uma faixa de intensa gliose e astrócitos atípicos (displásicos), que contrasta com as camadas acima e abaixo. 

Nas camadas II e III os astrócitos são do tipo protoplasmático, com tamanho habitual e prolongamentos delicados lembrando pluma. 

Nas camadas IV e V há agrupamentos de astrócitos volumosos,  lembrando gemistócitos,  com prolongamentos abundantes e grosseiros. Os neurônios estão envoltos na densa trama de prolongamentos astrocitários e, não raro, observa-se contato entre os corpos celulares de neurônios e astrócitos ('relação íntima'). O aspecto é semelhante ao da área 1, com alterações displásicas máximas.  Detalhes abaixo. 

Leptomeninge para cima em todas as fotos. 

Ver esta área em pequeno aumento na lâmina escaneada.

Quadro comparativo
Camadas superficiais 'normais' Camadas displásicas.
Córtex, metade superficial, 'normal'. 
A vimentina marca os capilares e os astrócitos, aqui do tipo protoplasmático. 
Células displásicas isoladas ou em pequenos grupos também são observadas, mas são raras e pouco imponentes. 
Camadas displásicas. Astrócitos anômalos, grotescos, muitos binucleados, com prolongamentos abundantes formando densa trama onde os neurônios se destacam pela ausência de marcação para vimentina. 
Proximidade e contato íntimo entre corpos celulares de astrócitos displásicos e de neurônios.

 
 

GFAP

Os aspectos são semelhantes aos com VIM, mas a grande quantidade de prolongamentos marcados obscurece detalhes dos contornos celulares. 
GFAP. Como com VIM,  chama a atenção o extenso contato entre corpos celulares de neurônios e astrócitos. 
GFAP. Balloon  cells:  células volumosas, de natureza incerta. Algumas células GFAP negativas são tão dismórficas que desafiam classificação. Estabelecem contato com astrócitos, e várias provavelmente correspondem a balloon cells. É possível que sejam VIM positivas e teriam sido classificadas como astrócitos com aquela técnica. Muitas células gigantes VIM positivas foram classificadas como astrócitos (ver acima).  Na dúvida, é melhor deixar estas células como de natureza incerta. 

 
S-100. Basicamente mostra neurônios negativos e astrócitos positivos (positividade nuclear e citoplasmática).  Porém há células com morfologia típica de neurônios piramidais, mas que são positivas para S-100.  Os  vários antígenos pesquisados por IH  ilustram a dificuldade de classificar as células displásicas, cuja expressão pode desviar-se consideravelmente da de elementos normais. 
Substância branca gliótica. Contém principalmente astrócitos fibrosos de morfologia mais próxima do normal e balloon cells esparsas. Neurônios ectópicos são S-100 negativos. 

 
Para mais imagens deste caso: 
RM Macro, HE,
resumo IH
IH para neurônios
Neuropatologia
- Graduação
Neuropatologia - 
Casos Complementares
Neuroimagem
- Graduação
Neuroimagem - 
Casos Complementares
Correlação 
Neuropatologia - Neuroimagem
VOLTA À PÁGINA ÍNDICE