Peça
C-30. Trombose da A. mesentérica superior; infarto
hemorrágico do intestino delgado e esteatonecrose do pâncreas.
A trombose da A. mesentérica
superior ocorreu no seu segmento inicial, como é habitual, pois
é aí que se localizam mais freqüentemente as placas
de ateroma. Estas contudo, não são demonstráveis,
talvez por estarem cobertas pelo trombo. Na aorta a aterosclerose é
discreta.
A trombose mesentérica causou infarto intestinal. No intestino,
os infartos são sempre hemorrágicos, sejam eles de
origem arterial ou venosa. (Na peça o aspecto escuro original, e
que define o caráter hemorrágico, foi perdido no processo
de plastificação).
O pâncreas em corte transversal mostra pequenas manchas esbranquiçadas,
comparáveis
a cera de vela, correspondentes a esteatonecrose do tecido
adiposo entre os lóbulos. Houve liberação de enzimas
pancreáticas no interstício, entre elas lipases, que digeriram
os triglicérides, liberando ácidos graxos. Estes, por sua
vez, reagiram com o cálcio presente no líquido extracelular
dando sabões insolúveis de cor branca. O processo, conhecido
como esteatonecrose, é classicamente observado nas pancreatites
agudas (não é o caso aqui). No presente caso, admitimos que
o mecanismo tenha sido por choque: o infarto intestinal desencadeou um
estado de choque hipovolêmico (por perda de líquidos
para a cavidade peritonial e para a luz intestinal), a que se seguiu choque
séptico (por invasão dos tecidos por bactérias
presentes no intestino). O choque, com a hipotensão e vasoconstrição
que o caracterizam, pode ter causado necrose pancreática,
liberação de lipases e esteatonecrose. |