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1. Macro, HE. |
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Espécime. A peça abaixo foi o principal produto da craniotomia frontal D. e continha a maior parte de um óligoastrocitoma de baixo grau bem delimitado. Havia fragmentos menores que ampliavam a margem cirúrgica, não mostrados aqui. Na peça há dois giros separados por um sulco, e a porção limítrofe do giro vizinho, à E nas fotos, menos acometido. |
No exame de ressonância magnética, o tumor aparecia como massa relativamente homogênea com hiposinal em T1 e sem impregnação por contraste, contendo pequenas áreas císticas. |
Em cortes, observam-se dois giros difusamente infiltrados pelo tumor, com perda da delimitação entre córtex e substância branca (= perda do limite córtico-medular). O giro vizinho, à E nas fotos, mantém esta separação e tem aspecto normal macroscopica- e histologicamente. Há pequenos focos de hemorragia pelo trauma cirúrgico. | |
Lâmina escaneada com resolução 1200 dpi, mostrando o giro à E de aspecto normal e o giro à D alargado, com celularidade aumentada e perda do limite córtico-medular devido à infiltração do córtex e substância branca pelo oligoastrocitoma. Há áreas císticas confluentes, as menores com aspecto cribriforme, devido à maior quantidade de espaço intersticial entre as células neoplásicas. Abaixo, corte equivalente em reação imunohistoquímica para GFAP. |
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Fotos panorâmicas da parte sólida do tumor mostram moderada celularidade e aspecto uniforme, com grande regularidade e distribuição homogênea dos núcleos. Os vasos são delicados, escassos e inconspícuos. |
Parte microcística do tumor mostra numerosos espaços delimitados por finas trabéculas de células neoplásicas gliais. Os espaços continham líquido de baixo teor proteico provavelmente extravasado dos capilares do tumor. |
Transição entre área mais sólida e área frouxa. Estas diferenças na textura são comuns em astrocitomas e refletem-se em heterogeneidade nos estudos de imagem, que podem mostrar áreas mais sólidas e mais hidratadas lado a lado. |
Área rica em astrócitos fibrilares. Nesta área predominam pequenos astrócitos com prolongamentos curtos. Não há halo claro perinuclear. Notar que vasos são finos e praticamente não chamam atenção (comparar com área de proliferação vascular. |
Área rica em oligodendrócitos. Nesta área predominam células com núcleos pequenos, redondos e escuros e halo claro perinuclear, uma morfologia sugestiva de oligodendrócitos. Detalhes em quadros mais abaixo. |
Detalhes de área predominantemente astrocitária. O diagnóstico deste tumor foi um oligoastrocitoma, ou seja, associa duas populações celulares, de astrócitos e oligodendrócitos. Áreas 'puras' são poucas. Na maior parte do tumor os dois tipos celulares coexistem em íntima mistura. Abaixo, área onde as células têm morfologia de astrócitos fibrilares - núcleo redondo, cromatina pontilhada, e citoplasma róseo escasso resolvendo-se em finos prolongamentos. Não há halo claro perinuclear (exceto em raras células). | |
Detalhes de área predominantemente oligodendrocitária. Aqui há franco predomínio dos oligodendrócitos: células com núcleos redondos, citoplasma escasso de limites imprecisos, sem prolongamentos facilmente identificáveis, e com halo claro perinuclear dando o clássico 'aspecto em ovo frito'. | |
Área microcística. Células formam um reticulado com espaços claros. Alguns contêm material basófilo produzido pelas próprias células. | |
População celular mista de astrócitos e oligodendrócitos. |
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Capilares finos. Na grande parte deste tumor os capilares são finos e delicados, como os do tecido nervoso normal, que pouco chamam a atenção. Os núcleos das células endoteliais são espaçados ao longo do maior eixo do vaso, e nunca sofrem juxtaposição ou sobreposição. | |
Capilares proliferados. Em certa área, havia proliferação capilar incipiente. Os pequenos vasos tornam-se de paredes mais espessas, com maior quantidade de núcleos, irregularidades no contorno e redução na luz. Em um único vaso foi observada uma figura de mitose. |
Proliferação capilar é um critério de malignidade na classificação de astrocitomas difusos da OMS. Sinaliza a liberação pelos astrócitos neoplásicos do fator de crescimento para endotélio vascular (vascular endothelial growth factor ou VEGF), que eventualmente leva a trombose e necrose do tecido neoplásico. |
Concreções calcáreas. Em certa área havia abundantes calcificações, freqüentes em oligodendrogliomas. Porém, não só oligodendrogliomas calcificam, embora sejam os que mais comumente sofrem o fenômeno. Vemos calcificações não raro em ependimomas e astrocitomas. |
Infiltração do córtex - satelitose. As células neoplásicas provenientes da substância branca do giro infiltram difusamente o córtex, permeando o neurópilo e circundando os neurônios. O agrupamento de células tumorais em volta dos neurônios é um fenômeno conhecido como satelitose, e constitui uma das chamadas 'estruturas secundárias de Scherer'. Estas formações devem-se à tendência das células neoplásicas a pararem em barreiras naturais do tecido, classicamente na superfície pial, na superfície ependimária, nos espaços perivasculares de Virchow-Robin e na interface neurônio-neurópilo. |
Alguns neurônios parecem comprimidos pelas células neoplásicas, e mostram picnose nuclear e citoplasma adensado, sugestivo de sofrimento celular. A rigor, porém, não se pode excluir artefato de manipulação do tecido a fresco no ato cirúrgico. | |
Caso do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Centro Médico de Campinas, gentilmente contribuído pelo Dr. Donizeti César Honorato. |
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