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3. Microscopia eletrônica |
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Material
obtido do centro cirúrgico durante a biópsia de congelação
e fixado em poucos minutos diretamente em líquido
de Karnovsky. Preservação da ultraestrutura muito boa,
exceto por tumefação de algumas mitocôndrias. O aspecto
das mitocôndrias é o padrão ouro em questão
de qualidade de fixação, e para isto a rapidez é crítica.
Em poucos minutos de anóxia há penetração de
água nas mitocôndrias, que tomam aspecto 'explodido'.
A microscopia eletrônica se presta à observação da ultraestrutura do tecido, morfologia interna das células neoplásicas e suas organelas, e suas relações com o interstício. Completa o estudo do caso, mas a imunohistoquímica é indiscutivelmente superior na definição do diagnóstico, pela sua possibilidade de identificar os tipos de componentes celulares, como filamentos intermediários (GFAP e desmina, entre outros). Na prática, todos os métodos de abordagem disponíveis são válidos e devem ser tentados, pois cada um evidencia uma faceta desta complexa entidade, o tumor. |
Destaques da microscopia eletrônica. | ||
Aspecto geral. Células fusiformes em meio a camadas de fibras colágenas | Contatos celulares simples, sem complexos juncionais | Organelas abundantes, indicando alto metabolismo celular: na foto - mitocôndrias, lisossomos, RER. |
RER. Retículo endoplasmático rugoso, responsável por síntese proteica | Golgi. Responsável pelo processamento e endereçamento de produtos do RER | Vesículas cobertas, para transporte de substâncias entre organelas e a membrana plasmática |
Filamentos intermediários. Elementos do citoesqueleto (GFAP, desmina e vimentina) | Mitose. Cromossomos condensados e em contato direto com o citoplasma | Colágeno. Fibrilas com característica estriação transversal |
Aspecto geral. As células neoplásicas são alongadas, com núcleos tendendo a ovalados, e orientados segundo o maior eixo da célula. A cromatina é fina e bem distribuída, com delicada condensação junto à membrana nuclear. O citoplasma é variável conforme a célula, geralmente abundante, com amplo repertório de organelas e elementos do citoesqueleto. Células que fazem contato direto entre si quase não mostram junções especializadas em suas membranas plasmáticas. Não se observa membrana basal. As células estão dispostas em camadas paralelas, separadas por feixes multidirecionados de fibras colágenas, à maneira de um grande sanduíche. |
Comparação
entre tricrômico de Masson
e microscopia eletrônica.
Os espaços entre os corpos celulares são preenchidos por fibras colágenas coradas em azul no Masson. Em ME, as fibrilas colágenas formam camadas intercaladas a prolongamentos citoplasmáticos das células neoplásicas (estes prolongamentos são delgados demais para serem individualizáveis em microscopia óptica). |
Comparação
entre impregnação pela prata para reticulina
e microscopia eletrônica.
As fibras ditas reticulínicas são definidas pelas suas propriedades argirófilas (de captar a prata). Em microscopia eletrônica, podem ser indistinguíveis das fibras colágenas (colágeno tipo I, coradas em azul no tricrômico de Masson), embora, teoricamente, sejam outro tipo de colágeno (colágeno III). |
Contatos
intercelulares.
Em vários pontos observam-se corpos celulares em contato através de suas membranas plasmáticas. Há justaposição muito próxima das membranas, praticamente sem espaço extracelular. Especializações juncionais são escassas e pequenas, geralmente do tipo adherens (zonulae adherentes ou puncta adherentia). Desmossomos não foram encontrados. |
Organelas.
As células neoplásicas exibem ampla gama de organelas citoplasmáticas, consistentes com a atividade metabólica de células em rápido crescimento e divisão. Entre as organelas mais visualizadas estão: mitocôndrias, retículo endoplasmático liso e rugoso, complexo de Golgi, lisossomos, e centríolos. Há também abundantes filamentos intermediários e microtúbulos. |
Retículo
endoplasmático rugoso.
Algumas células se destacavam pela riqueza nesta organela especializada para síntese de proteínas, com seus canais decorados por ribossomos na face citosólica. Alguns canais eram dilatados e de conteúdo eletrolucente. |
Complexo
de Golgi.
Esta organela responsável pelo processamento e empacotamento de proteínas era uma das estruturas mais facilmente encontradas. Em algumas células havia várias. Na foto ao lado, observa-se a porção central do complexo, com suas cisternas achatadas e empilhadas como panquecas, dando origem em suas extremidades a múltiplas vesículas. |
Vesícula
coberta (coated vesicle).
Estas vesículas
com superfície externa decorada, lembrando uma pequena roda dentada,
correspondem às vesículas cobertas (em inglês, coated
vesicles) usadas pelas células para transporte entre seus compartimentos.
Há vários tipos, como as
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Citoesqueleto.
Havia considerável variação da ultraestrutura interna entre células próximas. Algumas eram muito ricas em elementos do citoesqueleto, como filamentos intermediários e microtúbulos. Por imunohistoquímica foram demonstrados três tipos de filamentos intermediários (GFAP, vimentina e desmina). |
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A coexistência de filamentos característicos de linhagens celulares diferentes (p. ex., GFAP, próprio de células gliais, e desmina, de células musculares) enfatiza a natureza primitiva e indiferenciada do tumor. |
Filamentos intermediários são uma família de proteínas filamentosas componentes do citoesqueleto. Neste tumor, por imunohistoquímica, foram demonstrados três: GFAP, vimentina e desmina. Nem todas as células foram marcadas em cada reação e não sabemos se há coexpressão dos diferentes filamentos na mesma célula (para isso, seria necessária dupla marcação e microscopia confocal). |
Mitose.
Encontro de mitoses pode ser difícil em microscopia eletrônica, devido às limitações de amostragem. Esta, ao lado, provavelmente corresponde a uma placa metafásica vista de um dos polos da célula. Os cromossomos fortemente condensados são encontrados em contato direto com organelas citoplasmáticas, visto que a membrana nuclear ou nucleolema se dissolve no início da mitose. |
Comparação
entre uma placa metafásica em uma célula no esfregaço do tumor e em outra célula em microscopia eletrônica. |
Colágeno.
As fibras colágenas da microscopia óptica (demonstráveis em azul com o tricrômico de Masson) são constituídas por fibrilas muito mais finas, associadas lado a lado formando feixes. As fibrilas colágenas têm diâmetro transversal entre 10 e 300 nm e característica estriação com periodicidade de 67 nm, devido ao arranjo escalonado das moléculas da proteína colágeno. O encontro de colágeno em abundância entre as células neoplásicas foi um dos elementos para o diagnóstico de gliossarcoma no presente caso. |
Para mais imagens deste caso: | TC | HE, colorações | IH |
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