Retocolite  ulcerativa
Lam. A. 380

 

 
 

RETOCOLITE CRÔNICA ULCERATIVA IDIOPÁTICA

            É uma doença úlcero-inflamatória recidivante, de etiologia desconhecida, que afeta o reto, podendo estender-se retrogradamente ao sigmóide e ao restante do intestino grosso. Inicia-se principalmente da 2a. à 4a. década, mas pode persistir por anos ou por toda a vida. A causa é desconhecida. Caracteriza-se por períodos ativos e remissões cuja duração é muito variável.  Na fase ativa há ataques de diarréia mucosanguinolenta que podem durar dias, semanas ou meses. As crises se acompanham de dor em cólica no abdomen inferior e freqüentemente são precipitadas por períodos de stress emocional. Podem alternar-se com períodos de constipação.  Em 97% dos pacientes há pelo menos uma recidiva após o primeiro episódio. Cerca de 30% necessitam colectomia total dentro de 3 anos.

            Anátomo-patologicamente, as lesões restringem-se à mucosa e submucosa, poupando a camada muscular e a serosa. Há ulcerações localizadas e multifocais, que se iniciam pelos chamados abscessos em cripta:  neutrófilos coletam-se na luz das glândulas, destruindo-as. Os abscessos podem romper-se na luz e/ou estender-se à submucosa, solapando a mucosa em volta, a qual se levanta parcialmente, ficando presa por pedúnculos.  Esta é a origem dos pseudopólipos inflamatórios, um sinal altamente típico da doença, que persistem mesmo em fases de remissão ou cura. 

            Na fase ativa há forte congestão dos vasos da mucosa e submucosa,  hemorragias, infiltrado linfoplasmocitário com neutrófilos, necrose das células epiteliais da mucosa, originando áreas erosadas, e depleção das células caliciformes: podem desaparecer completamente mesmo quando o epitélio está íntegro. As células caliciformes voltam a aparecer nas fases de remissão. 

Complicações da RCU.

# Megacólon tóxico.  Ocorre em RCU muito aguda, em que há dano tóxico à camada muscular e ao plexo mioentérico, levando a falência completa da função neuromuscular do intestino grosso. O cólon dilata-se, fica fino e rasga-se como papel molhado, não resistindo à manipulação mais cuidadosa. Pode ser considerada como gangrena. Ver peça  TGI-75.   Exige colectomia imediata e tem alta mortalidade. A patogênese é desconhecida. Geralmente envolve o cólon transverso e o sigmóide (segmentos sem suporte retroperitonial). Microscopicamente, a mucosa e a submucosa sofrem descamação e a camada muscular torna-se muito fina, congesta, edemaciada e necrótica. 

# Carcinoma. Na RCU há freqüentemente lesões displásicas, focais ou difusas, não raro extensas. A incidência global de carcinoma do cólon é 20 a 30 vezes maior em RCU que na população em geral. A maioria dos tumores é único e no reto, mas a incidência de tumores múltiplos também está aumentada. Quando há envolvimento de todo o cólon, a incidência de Ca. é cerca de 1% aos 10 anos de duração da doença, 3,5% aos 15 anos, e > 30% aos 30 anos. Os tumores tendem a ser achatados e infiltrativos, do tipo mucinoso (lembrando a linite plástica do estômago) e altamente malignos.
 


 
O mesmo abscesso em cripta fotografado em duas lâminas diferentes. O processo inicia-se na profundidade das glândulas e se estende minando a submucosa (fig à E.). No caso, formou um túnel pela submucosa, deixando a mucosa intacta em cima (fig. à D.). 

 

 
 
ABSCESSOS EM CRIPTA.  Originados na profundidade das glândulas (criptas), destróem o epitélio glandular, afloram na superfície e penetram na submucosa causando lesões subminadas (mais largas na profundidade que na superfície).  Vão destruindo  a submucosa adjacente e levantando a mucosa, o que leva à formação dos pseudopólipos. Às vezes, as  lesões formam túneis pela submucosa. 

 
 
PSEUDOPÓLIPOS.   Constituem-se de mucosa e parte da submucosa  descoladas da camada muscular pelo processo inflamatório supurativo e necrosante. Na fase ativa da doença, apresentam glândulas pobres em células caliciformes. A superfície pode estar erosada. Há tecido de granulação, com vasos congestos e infiltrado crônico inespecífico exuberante.  O termo 'pseudopólipo' visa diferenciar estas lesões dos pólipos verdadeiros do cólon, que são hiperplasias ou neoplasias.

 
 
CAMADA  MUSCULAR  SEM  ALTERAÇÕES

 
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