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Caso de autópsia - 2. Microscopia |
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Encefalopatia
espongiforme.
É a alteração mais característica da doença. Chama a atenção já em pequeno aumento como abundantes vacúolos desde minúsculos a maiores que um neurônio. Os vacúolos são opticamente vazios, bem delimitados, e situados no neurópilo, ou seja, no tecido róseo entre os corpos celulares dos neurônios. |
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Preservação parcial dos neurônios. Em áreas com alteração espongiforme ainda era possível observar neurônios preservados, muitos com formato piramidal. Os neurônios são reconhecíveis pelo citoplasma basófilo de limites nítidos, e muitos apresentam um halo claro em volta. Este se deve a artefato de retração, que pode ter sido facilitado pela degeneração espongiforme do tecido em volta. | |
Neurônios remanescentes nas camadas superficiais. Mesmo em áreas com alterações espongiforme acentuada, havia preservação de muitos neurônios, especialmente em camadas superficiais. Isto fala contra que a alteração espongiforme se deva a um evento isquêmico, pois, neste caso, os neurônios teriam também desaparecido. | |
Gliose. Outra importante alteração no córtex cerebral era a gliose, com abundantes astrócitos gemistocíticos, caracterizados por citoplasma róseo abundante e núcleo excêntrico. São formas reativas inespecíficas, encontrados em resposta a vários tipos de lesão do tecido nervoso, e não são característicos da encefalopatia espongiforme. | |
Córtex cerebral com status spongiosus. O status spongiosus resulta da atrofia extrema do córtex, por perda disseminada dos neurônios e correspondente proliferação astrocitária (gliose) com abundantes astrócitos gemistocíticos. Nestas áreas, o córtex tinha macroscopicamente espessura reduzida, aspecto friável e cor amarelada. | |
Área de gliose rica em corpos amiláceos. Era observada na substância branca profunda de um fragmento de córtex cerebral. Os corpos amiláceos são formados nos prolongamentos de astrócitos fibrosos, e consistem de material de natureza glicídica (poliglucosan). Aparecem basófilos em HE e são fortemente PAS positivos (não mostrado aqui). São inespecíficos, e comuns em áreas com gliose densa e de longa duração. | |
Lesões secundárias da substância branca. Havia rarefação axonal, macrófagos xantomatosos fagocitando restos de mielina degenerada e astrócitos gemistocíticos, também estes inespecíficos e reativos à lesão. Notar que, na substância branca, não havia alteração espongiforme, que só é encontrada no neurópilo da substância cinzenta, como no córtex. As alterações na substância branca são secundarias à degeneração neuronal na substância cinzenta. | |
Hipocampo.
No hipocampo, a encefalopatia espongiforme era menos pronunciada que no neocórtex mostrado acima. Ao lado, um segmento do setor CA2 mostrando neurônios preservados. Este setor encontra-se logo abaixo do corno inferior do ventrículo lateral, que aqui preserva seu revestimento ependimário. Na macroscopia, o hipocampo também tinha aspecto melhor preservado que o restante do cérebro. |
Siderocalcinose.
É comum que pequenos vasos no hipocampo, núcleos da base e cerebelo apresentem impregnação por sais inorgânicos de cálcio e ferro após a meia idade. Este fenômeno era observado neste paciente nos capilares que margeavam externamente a fascia dentata. |
Hipocampo
- siderocalcinose.
A deposição
mineral aparece inicialmente como partículas basófilas que
se agregam à parede dos vasos mais finos, depois confluem, formando
um anel contínuo, ou mesmo uma carapaça em volta do vaso.
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Núcleo
caudado.
A estrutura histológica do núcleo caudado e do putâmen é facilmente reconhecível pela presença de ilhotas de substância branca em meio a substância cinzenta homogênea e com neurônios pequenos. |
No presente caso, havia encefalopatia espongiforme também nos núcleos da base, o que se correlacionava com a intensa atrofia dos mesmos notada na macroscopia. | |
Núcleo caudado -Gliose. Astrócitos gemistocíticos e fibrosos são formas hipertróficas reacionais ao processo degenerativo. | |
Córtex
cerebelar.
Havia moderada perda celular no córtex cerebelar, mais notada como rarefação na camada granulosa (diminuição dos núcleos) e da camada molecular, que tinha aspecto frouxo, lembrando uma treliça. As células de Purkinje estavam de modo geral preservadas. Para macroscopia, clique. |
Rarefação da camada molecular. Deve-se provavelmente à diminuição dos prolongamentos celulares e sinapses, normalmente abundantes nesta camada. | |
Encefalopatia espongiforme. Pequenos vacúolos entre as células granulosas do córtex cerebelar. | |
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