COMPONENTES DA MEDULA
ÓSSEA:
1. Células progenitoras, totipotentes ou “stem cells”:
são precursores comuns aos elementos hemopoéticos presentes
na medula óssea e que podem circular no sangue periférico.
As células circulantes alojam-se na intimidade das células
estromais da medula óssea (fibroblastos, macrófagos, células
endoteliais, adipócitos) através de um mecanismo de tropismo
a esse meio ambiente, dado por moléculas de adesão presentes
em sua superfície. Morfologicamente, não podem ser individualizadas,
por serem semelhantes a linfócitos. Dão origem aos precursores
de todas as células sangüíneas, através da formação
de precursores tronco para estas séries: um precursor das séries
granulocítica/ eritróide/ monocítica/ megacariocítica
(GEMM) e um precursor para a série linfóide, que depois se
diferenciará em precursores B e T. O precursor GEMM originará
os precursores para cada uma das séries hemopoéticas, como
a unidade formadora de colônia eritroblástica (CFU-E) e a
unidade formadora de colônia granulocítica e monocítica
(CFU-GM). A diferenciação das células troncos em cada
um dos componentes se dá através de fatores de crescimento,
produzidos por órgãos como o fígado e os rins, obedecendo
a estímulos do meio. Por exemplo, a eritropoetina (EPO) é
produzida no rim quando há baixa concentração de O2
e estimula a diferenciação da célula totipotente para
CFU-E. Fatores como a IL-1 e o TNF (fator de necrose tumoral) agem sobre
células estromais da medula, estimulando-as a produzirem o fator
de estímulo à formação de colônias granulocíticas
(G-CSF) e granulocíticas/ macrofágicas (GM-CSF). Os fatores
de crescimento podem agir na diferenciação e na regulação
do crescimento de células mais maduras, através da inibição
da apoptose. Estes fatores (EPO, G-CSF, GM-CSF) são usados na prática
clínica para estimular a produção em casos de produção
ineficaz pela medula.
2. Série eritróide: a produção
de elementos precursores desta série (proeritroblastos ou pronormoblastos)
se dá através do estímulo da eritropoetina, produzida
principalmente (90%) em células peritubulares renais (também
no fígado e outros órgãos), quando ocorre baixa na
tensão de O2. As células mais imaturas apresentam alta síntese
proteica (hemoglobina), enquanto as mais maduras vão adquirindo
ferro e, por fim, perdem os núcleos e originam as hemácias.
O tipo de hemoglobina varia de acordo com a fase da vida: na vida fetal
precoce, surgem as hemoglobinas embrionárias; na fetal tardia surge
a hemoglobina fetal (constituída por 2 cadeias a
e duas g);
aos 3-6 meses de vida ocorre a conversão da hemoglobina para a adulta,
HbA, constituída por duas cadeias a
e duas b.
A HbF tem maior afinidade para O2 que a HbA. Concentração
aumentada de CO2 diminui a afinidade por O2, permitindo a liberação
de oxigênio para o tecido. As hemácias sobrevivem cerca de
120 dias na circulação, sendo retiradas pelos macrófagos
do sistema reticuloendotelial.
3. Série granulocítica: os elementos
mais imaturos reconhecíveis desta série são os promielócitos.
Os elementos maduros desta série apresentam grânulos primários
(lisossomos) que contêm peroxidases e hidrolases e grânulos
secundários que contêm peroxidase, lisozima, fosfatase alcalina
e lactoferrina. Os grânulos basófilos contêm ainda histamina
e heparina. Estímulos externos, como infecção, febre,
inflamação, alergia e trauma, agem sobre as citocinas, favorecendo
a produção de fatores de crescimento. Os elementos mais numerosos
são os neutrófilos, responsáveis por fagocitose e
morte de inúmeros elementos infecciosos. Permanecem na circulação
sangüínea por cerca de 10 horas. Os eosinófilos estão
associados a processos alérgicos e a infecções parasitárias.
Os basófilos são os mais raros, importantes nas reações
de hipersensibilidade.
4. Série monocitária: os monócitos
circulam de 20-40 horas, quando entram nos tecidos e maturam para macrófagos
teciduais. O sistema reticuloendotelial corresponde ao conjunto formado
por células derivadas de monócitos e distribuídas
pelo corpo, como as células de Kupffer, macrófagos do baço,
pulmão, medula óssea, etc. Suas funções são:
fagocitose de elementos estranhos e restos celulares, apresentação
de antígenos para células linfóides (células
reticulares interdigitantes e foliculares), produção de citocinas,
que atuam na regulação da hemopoese, inflamação
e resposta imune.
5. Série plaquetária: os megacariócitos
são células grandes, de núcleos multilobados, cuja
proliferação é estimulada pela trombopoetina, produzida
principalmente no fígado. O citoplasma dos megacariócitos
se fragmenta e é liberado na circulação, originando
as plaquetas, importantes no processo de coagulação. Estas
circulam por 6-8 dias e são retiradas da circulação
pelo sistema reticuloendotelial do baço e pulmão. Sua vida
média está reduzida durante tromboses, infecções
e hiperesplenismo.
6. Linfócitos: são células
relacionadas à resposta imune humoral (B) e celular (T). As células
linfóides precursoras maturam para linfócitos B na própria
medula óssea e as T no timo. Portanto, estes órgãos
são considerados órgãos linfóides primários.
Os linfonodos, polpa branca do baço, tecido linfóide das
mucosas e pele são órgãos linfóides secundários.
Os linfócitos apresentam o maior tempo de sobrevivência, sendo
que alguns linfócitos de memória sobrevivem por muitos anos.