Cerca de 40% dos linfomas se iniciam fora dos linfonodos e o TGI é
a localização mais comum nestes casos. Linfomas chegam a
constituir cerca de 5% dos tumores malignos do estômago (os outros
sendo adenocarcinomas) e se assemelham aos de intestino. Originam-se de
linfócitos B do tecido linfóide associado à mucosa
(mucosa-associated lymphoid tissue ou MALT).
Por definição, nos linfomas primários do TGI não
há acometimento do fígado, baço ou medula óssea
quando do diagnóstico, embora envolvimento dos linfonodos regionais
possa já ocorrer. A localização preferencial dos linfomas
MALT é no estômago (55-60%), seguindo-se o intestino delgado
(25-30%), cólon proximal (10-15%) e distal (<10%).
A principal importância dos linfomas primários do TGI está
em que podem se comportar como tumores focais na sua fase inicial, e portanto
ser passíveis de remoção cirúrgica. Nisto diferem
dos linfomas originados em linfonodos. Também, recidivas podem ficar
restritas ao TGI. Por isso, seu prognóstico é melhor que
os linfomas primários de linfonodos. A sobrevida de 10 anos para
pacientes com doença limitada à mucosa e submucosa é
atualmente de 85%. Há associação de linfomas
gástricos com infecção por Helicobacter pylori,
que aumenta a população de células inflamatórias
na mucosa gástrica. Linfomas MALT também diferem de linfomas
de outros locais por apresentarem mutações genéticas
praticamente exclusivas.
Macroscopicamente, a tendência é que a lesão inicial
se apresente como espessamento em placa da mucosa e submucosa gástricas,
onde está situado em grande parte o tecido linfóide. Segue-se
infiltração difusa das camadas, com espessamento esbranquiçado
da parede, borramento e eventual perda das pregas da mucosa. Clinicamente,
os sintomas são vagos e insidiosos, como fraqueza, inapetência
e perda de peso. Há diminuição da motilidade gástrica,
podendo ocorrer perda de sangue, obstrução ou perfuração.
Esta pode seguir-se à necrose secundária a quimioterapia.