Asbestose

 
            Aqui mostramos um caso incipiente de asbestose pulmonar.  Há deposição das fibras de asbesto nos bronquíolos e em partes da superfície pleural, levando a reação inflamatória crônica e fibrose nestes locais. As lesões são inicialmente multifocais e esparsas, sendo a maior parte do tecido pulmonar de aspecto normal. Em casos mais avançados há fibrose pulmonar difusa, como na silicose.  A asbestose inicia-se nos lobos inferiores e em localização subpleural, afetando os lobos médios e superiores com o progresso da doença. Na asbestose há também, caracteristicamente, fibrose pleural. Esta chega a formar placas esbranquiçadas de tecido colágeno denso na superfície pulmonar e causar aderências entre os folhetos parietal e visceral da pleura. Pode haver calcificação. As placas se formam mais comumente nos aspectos anterior e póstero-lateral da pleura parietal, e sobre o diafragma.  Ao contrário do que se poderia pensar, as placas pleurais não contêm corpos de asbesto. 

 

 
 
Focos de fibrose peribronquiolar e subpleural. As lesões na asbestose se iniciam  a nível dos bronquíolos mais distais, onde as fibras de asbesto chegam quando inaladas. As fibras do grupo dos anfibólios, que são encontradas no presente exemplo,  são finas, curtas e rígidas, lembrando minúsculas agulhas, e penetram através do epitélio bronquiolar, atingindo o interstício. Aí são fagocitadas por macrófagos, induzindo reação inflamatória crônica, que termina em fibrose após vários anos.  A fibrose nas proximidades leva a distorção dos bronquíolos, dando-lhes contornos alongados ou retorcidos. No pulmão, os bronquíolos estão próximos a arteríolas, sendo encontrados geralmente lado a lado. Nas fotos abaixo vemos, já em aumento fraco, pequenos focos de fibrose, associados a bronquíolos ou na superfície pleural. No tecido fibroso há infiltrado inflamatório crônico contendo macrófagos ou células gigantes pequenas (com poucos núcleos), e corpos de asbesto. Há também partículas negras de carvão (antracose).

 
 
Corpos de asbesto.  As fibras de asbesto têm morfologia variável conforme a natureza química da partícula, que é um silicato contendo cálcio, magnésio, ferro e outros elementos.  No presente caso, trata-se de um asbesto do tipo anfibólio, cujas fibras são finas e retas.  As fibras são em grande parte recobertas por partículas marrons refringentes, constituídas por material proteináceo rico em ferro. Admite-se que este material seja depositado por macrófagos durante tentativas de fagocitose, e que derive da ferritina que existe normalmente no citoplasma dos fagócitos. O conjunto lembra contas de rosário, que brilham ao variar-se o foco micrométrico. Contudo, não refringem à luz polarizada. 
 
Corpos de asbesto podem também ser encontrados em espaços aéreos terminais (bronquíolos e alvéolos), com o mesmo aspecto característico. Freqüentemente estão próximos a, ou fagocitados por, macrófagos. Como os macrófagos são incapazes de digerir a partícula, terminam por degenerar e a partícula é fagocitada por outros macrófagos. Alguns macrófagos são multinucleados, correspondendo a células gigantes de corpo estranho. 

 
 
Corpos de asbesto brilham ao variar-se o foco micrométrico.  Para ilustrar este ponto, as animações da coluna da direita foram feitas combinando fotos do mesmo campo em planos de foco ligeiramente diferentes. Notar que o material proteico em volta da fibra refringe mais que a fibra propriamente dita. 

 
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