TIPOS DE REJEIÇÃO
NO TRANSPLANTE RENAL
As reações de rejeição a transplantes são
classificadas como hiperaguda, aguda e crônica.
A rejeição hiperaguda ocorre minutos a horas após
a anastomose dos vasos. No transplante bem sucedido o rim logo torna-se
róseo e começa a excretar urina. Na rejeição
hiperaguda o rim fica cianótico e de coloração irregular,
excretando no máximo algumas gotas de urina com sangue. Histologicamente,
há acúmulo de neutrófilos nos vasos e glomérulos,
e deposição de imunoglobulinas e complemento nos vasos. O
mecanismo destas lesões é uma reação antígeno-anticorpo
a nível do endotélio, com grave lesão do mesmo. Segue-se
trombose disseminada de vasos no transplante, levando a infarto cortical
difuso. É inevitável a transplantectomia. Este tipo de rejeição
ocorre quando há incompatibilidades imunológicas grosseiras
entre o doador e o receptor.
A rejeição aguda pode ocorrer após alguns dias,
ou mesmo após meses ou anos de uso de imunosupressores. Pode envolver
mecanismos celular, humoral, ou ambos. O mecanismo celular se caracteriza
por infiltrado intersticial mononuclear; o humoral por vasculites.
A rejeição aguda do tipo celular é mais comum
alguns meses após o transplante, e se deve a linfócitos citotóxicos.
Há aumento nos níveis de creatinina e insuficiência
renal progressiva. Os achados morfológicos são os apresentados
no caso acima. O reconhecimento deste tipo é importante porque há
boa resposta a terapia imunosupressora.
A rejeição aguda do tipo humoral é devida a
anticorpos, e manifesta-se por vasculites com necrose fibrinóide,
infiltração de neutrófilos e trombose. Isto leva a
necroses extensas no parênquima renal. Em alguns casos a vasculite
não é tão intensa, e caracteriza-se por espessamento
da íntima dos vasos por fibroblastos, células musculares
lisas e macrófagos, causando redução da luz arterial
e atrofia do parênquima.
A rejeição crônica representa uma progressão
das alterações já descritas na rejeição
aguda. O quadro é dominado pelas alterações vasculares,
caracterizadas por fibrose intimal, principalmente nas artérias
corticais. Isto leva a atrofia difusa dos glomérulos, hialinização
glomerular, atrofia tubular e fibrose intersticial. Além disso,
há infiltrado inflamatório intersticial de linfócitos,
plasmócitos e eosinófilos. Clinicamente há aumento
progressivo do nível de creatinina durante um período de
4 a 6 meses, avançando gradualmente para insuficiência renal
crônica. |