Metástases sangrantes  de melanoma 
em cerebelo e lobo frontal
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Fem.  45 a.   Há 5 dias cefaléia, vômito, dismetria D. Segundo informação clínica, paciente havia apresentado melanoma. 

 
RESSONÂNCIA  MAGNÉTICA 
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CORTES  AXIAIS mostram grande lesão arredondada no hemisfério cerebelar D com efeito de massa, ou seja, desvio da linha média e deformação do IV ventrículo.  Em T1 a lesão mostra-se heterogênea, com focos confluentes de hipersinal. Comparando-se com T2, observa-se maior heterogeneidade, com focos de hiper-, iso- e hiposinal, que se relacionam com hemorragias intratumorais de diferentes idades (ver abaixo).  Tanto no T2 como em FLAIR nota-se hipersinal da substância branca do centro medular do cerebelo, que corresponde a edema vasogênico.
T1 SEM CONTRASTE T2 FLAIR
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Comparação da metástase cerebelar em T1 e T2.

É possível diferenciar duas hemorragias de diferentes idades neste tumor. A imagem em forma de lua crescente mais medial e posterior tem hipersinal em T1 e hiposinal em T2, correspondendo a metaHb intracelular, portanto, a uma hemorragia mais recente, pois a metaHb ainda não saiu das hemácias.  A parte central, que é brilhante em T1 e T2, corresponde a metaHb extracelular, portanto a uma hemorragia mais antiga, pois a metaHb já saiu das hemácias degeneradas.  A parte externa ou superficial do tumor tem isosinal em T1 e T2, e pode corresponder a tumor sem hemorragia.  Pequenas estrias com hiposinal ou ausência de sinal em T1 e T2 dentro da lesão e na sua periferia mais externa podem corresponder a hemossiderina. 

O mesmo corte em T2 e FLAIR tem aspecto muito semelhante, já que o FLAIR é uma seqüência pesada em T2, mas com supressão da água livre (IV ventrículo e cisternas aparecem sem sinal). 

Em T2 o conduto auditivo interno fica bem visível devido ao seu conteúdo de líquor.  Aqui, o tumor cresce na cisterna cerebelo-pontina D e obstrui o poro acústico interno D, o que é revelado por um estreitamento do canal ou falha de enchimento. Comparar com o lado oposto, normal. 


 
Cortes axiais, T1 sem contraste. 

Pequena e única metástase supratentorial na substância branca subcortical do giro frontal médio E, revelada pelo hipersinal da metahemoglobina.  Os outros cortes são normais. 

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CORTES SAGITAIS, T1 SEM CONTRASTE,  mostrando hidrocefalia do corno inferior do ventrículo lateral, devido à compressão do IV ventrículo pela lesão na fossa posterior. As duas lesões aparecem em planos diferentes (hemisfério cerebelar D e hemisfério cerebral E). 
À E, corte sagital próximo à linha média, um pouco à D. A metástase  cerebelar aparece como um foco de hipersinal devido à metahemoglobina. O efeito de massa da lesão provoca hérnia da amígdala cerebelar D
 
T1 COM CONTRASTE.  O aspecto da lesão varia pouco com o contraste, pois o hipersinal aqui depende da metaHb, não do contraste. 
 
CORTES CORONAIS, T1 COM CONTRASTE, mostrando as duas metástases. A metástase cerebelar atinge quase todo o diâmetro do hemisfério D, indo da superfície até quase a linha média, e provoca hérnia da amígdala. 

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Aspecto na RM de hemorragias em diferentes estágios. 

Depende das alterações químicas da hemoglobina nas hemácias extravasadas.

Logo que as hemácias extravasam, a hemoglobina no seu interior está na forma oxigenada, ou seja, como oxihemoglobina (oxiHb). Com o tempo perde o oxigênio, passando a desoxihemoglobina (desoxiHb). Após alguns dias, o ferro, que na hemoglobina é valência ++ (ferroso), passa permanentemente a valência +++  (férrico). Esta é a metahemoglobina, que inicialmente permanece dentro das hemácias extravasadas (metahemoglobina intracelular). À medida que as hemácias vão degenerando, liberam a metahemoglobina, que passa a extracelular.  Finalmente, a metaHb é fagocitada por macrófagos e o ferro incorporado inicialmente em partículas de ferritina. A saturação da ferritina leva a fusão das partículas, produzindo o pigmento marrom conhecido como hemossiderina,  que pode localizar-se dentro ou fora dos macrófagos (isto é, livre no tecido).

Essas transformações químicas se traduzem em mudanças no sinal magnético obtido nas diferentes sequências de RM, e que estão resumidas na tabela abaixo

O hematoma hiperagudo é de difícil observação em RM. Se está em localização extraparenquimatosa não é detectado (p. ex., hemorragia subaracnóidea). Se é intraparenquimatoso só é visto em T2.  Em T1, tem isosinal ou um leve hiposinal em relação às estruturas vizinhas e tem aspecto idêntico a lesões de outra natureza. A tomografia computadorizada (TC) é o método de escolha para o diagnóstico de hematomas ou hemorragias muito recentes. 

Os hematomas agudos (após algumas horas) já contêm desoxiHb, que têm o íon ferroso com propriedades paramagnéticas.  Esses hematomas aparecem iso- ou discretamente hipointensos em T1 [ou seja, em seqüências com TR (tempo de repetição) e TE (tempo de eco) curtos], e marcadamente hipointensos em T2 (ou seja, em seqüências com TR e TE longos). 

Hemorragias após alguns dias, em que já se formou metahemoglobina, são também avaliadas por comparação de imagens em T1 e T2.  As menos antigas dão hipersinal (são brilhantes) em T1 e hiposinal (escuras) em T2. As mais antigas dão hipersinal (são brilhantes) em T1 e T2. 

Notar que, dos produtos de degradação da hemoglobina, só a metahemoglobina dá hipersinal em T1, independente se é intra ou extracelular. 

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T1
T2
Oxihemoglobina  Fe++, diamagnética De imediato a até algumas horas iso ou hiposinal hipersinal
Desoxihemoglobina Fe++, paramagnética De horas a dias iso ou hiposinal forte hiposinal ou ausência de sinal
Metahemoglobina intracelular* Fe+++, paramagnética Alguns dias hipersinal hiposinal
Metahemoglobina extracelular* Fe+++, paramagnética De dias a semanas ou meses hipersinal hipersinal
Ferritina ou hemossiderina Fe+++, paramagnética De semanas a meses em diante iso ou hiposinal hiposinal ou ausência de sinal

* dentro ou fora de hemácias


Características de imagem de 
metástases
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