DOIS TIPOS
DE FIBRAS MUSCULARES NORMAIS.
As fibras
musculares normais são basicamente de dois tipos, 1 e 2.
As fibras
do tipo 1 são fibras de contração lenta
e fadiga difícil, que dependem de fosforilação
oxidativa para obtenção de energia e, portanto, são
ricas em mitocôndrias e em mioglobina, um pigmento
semelhante à hemoglobina que serve para armazenamento e transporte
de oxigênio no interior da fibra. A mioglobina, que contém
heme, é vermelha.
As tipo
2 são fibras de contração rápida e fadiga
fácil, que utilizam glicólise anaeróbica para
obtenção de energia e são pobres em mitocôndrias
e mioglobina.
Obs.
Na realidade a classificação das fibras é um pouco
mais complicada, admitindo-se fibras tipos 1, 2A, 2B e 2C, mas isto não
tem maior importância para esta aula.
Em aves,
há músculos com forte predomínio de um dos tipos de
fibra, o que é relacionado à função. Por exemplo,
a carne do peito do frango é branca porque tem grande predomínio
de fibras do tipo 2. Esta musculatura é usada para bater as asas,
um movimento rápido e de duração curta. Já
a carne das coxas e sobrecoxas é vermelha porque aí
predominam fibras do tipo 1. Esta musculatura tem função
postural, é usada para manter a ave em pé, portanto exige
contração durante períodos prolongados.
POR QUÊ
SE USA A ATPase PARA ESTUDAR OS TIPOS DE FIBRAS ?
A reação
histoquímica para ATPase miosínica
é um método elegante e largamente empregado para diferenciar
entre fibras tipo 1 e 2 em biópsias musculares. A ATPase é
uma enzima que cliva ATP para liberar energia para contração
muscular. Faz parte da própria molécula da miosina, um dos
filamentos contráteis, juntamente com a actina, que formam as miofibrilas.
A ATPase constitui a 'cabeça' móvel do filamento de miosina
(por isso se fala em ATPase miosínica).
As fibras
tipos 1 e 2 têm moléculas de miosina um pouco diferentes.
Variando-se o pH em que é feita a reação histoquímica
para ATPase, as fibras de um tipo reagem e as do outro tipo reagem menos.
As fibras reativas são demonstradas em marrom escuro. As não
reativas ficam bege claro ou brancas.
Estas reações,
como todo o restante do estudo das biópsias musculares, é
feito em cortes de congelação obtidos em criostato. Não
é possível fazer em cortes de parafina porque a fixação
por formol destrói a atividade enzimática.
No músculo
humano, particularmente nos músculos mais usados para biópsia,
que são o bíceps braquial, tríceps braquial, quadríceps,
tríceps sural e peroneiro, há um relativo equilíbrio
entre as fibras dos dois tipos, e a distribuição entre elas
é aleatória. Lembra à primeira vista um tabuleiro
de xadrez. |