Genética
no carcinoma de células claras do rim
e associações
com outras doenças
O carcinoma de células
claras do rim está em 98% dos casos associado
a alterações do gene VHL, assim chamado porque está
relacionado à doença de von Hippel-Lindau. É
um gene supressor tumoral situado no braço curto do cromossomo 3,
no locus 3p25-26. A proteína codificada por este gene tem
papel na regulação do ciclo celular e na angiogênese.
Doença de von
Hippel-Lindau. A doença é herdada
por mecanismo autossômico dominante e se caracteriza por hemangioblastomas
capilares no sistema nervoso central e retina, carcinoma de células
claras do rim, feocromocitomas e tumores pancreáticos.
O primeiro elemento da síndrome, o hemangioblastoma da retina, foi
descrito por von Hippel em 1904. Lindau descreveu o hemangioblastoma do
cerebelo em um estudo sobre cistos cerebelares e notou a coexistência
com o mesmo tumor na retina (1926). Os hemangioblastomas são
tumores benignos, bem delimitados, geralmente com componente cístico,
compostos por abundantes capilares e células especiais ditas estromais,
de origem incerta. Suas localizações mais comuns são
no cerebelo e medula espinal.
O Ca. de
células claras do rim pode ser esporádico (o mais comum),
familial, e pode ou não estar associado à doença de
von Hippel-Lindau. Independente disso, em 98% dos casos há deleções
ou translocações não balanceadas, resultando em perda
genética na região do cromossomo 3 que vai de 3p14 a 3p26,
onde se localiza o gene da doença de von Hippel-Lindau. Em 80% dos
casos de Ca. de células claras, o alelo remanescente mostra mutações
ou inativação, indicando que o gene VHL atua como supressor
tumoral tanto nas formas esporádicas como familiais do tumor. Ainda
não está claro como a falta da proteína induz
a síndrome.
O carcinoma
renal papilífero, que também tem formas esporádicas
e familiais, não está associado ao cromossomo 3, mas a mutações
em outros cromossomos. |