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Estes preparados correspondem
a cortes espessos (30 mm)
de hemisférios cerebrais, obtidos após inclusão em
celoidina, e corados por técnicas para visualizar neurônios
e baínhas de mielina. Para neurônios foi empregado o
método de Nissl, que utiliza corantes azuis (cresil violeta, tionina)
para demonstrar núcleo e citoplasma. Para mielina, usam-se
técnicas com hematoxilina, como Loyez e Weigert-Pal.
Nos preparados de córtex polimicrogírico corados pela técnica de Nissl, as pequenas células que se destacam em azul são neurônios. É possível identificar as 4 camadas, marcadas na foto legendada abaixo em algarismos romanos :
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Os preparados de córtex polimicrogírico a seguir foram corados para baínhas de mielina. A substância branca aparece em azul marinho profundo, o córtex em cinza claro. No córtex, é possível visualizar uma camada intracortical de fibras mielínicas, que corresponde à terceira camada, pobre em neurônios, já vista nos preparados acima pela técnica de Nissl. A imagem abaixo está rodada 90 graus para a esquerda em relação à posição anatômica. O córtex da profundidade da ínsula é normal, e faz transição abrupta com o córtex polimicrogírico. |
Córtex
polimicrogírico, outro exemplo.
Neste espécime, as 4 camadas não são distintas, mas é possível reconhecer os microgiros através dos pequenos eixos de substância branca que penetram em cada microgiro, a partir da substância branca principal do giro. Notar também que os microgiros estão fundidos, assim não são notados na superfície do giro principal a que pertencem. |
Relação
entre córtex polimicrogírico e normal em HE.
Neste preparado de lobo frontal, também de celoidina, mas corado por HE, o córtex polimicrogírico à esquerda aparece mais espesso e irregular que o córtex normal à direita, que corresponde aos giros orbitários e giro reto. |
Atrofia da cápsula interna em um caso de polimicrogiria unilateral. A polimicrogiria é freqüentemente associada a uma lesão cerebral intraútero (ver texto abaixo), que leva a um defeito (como porencefalia ou esquizencefalia) em um dos hemisférios cerebrais. Para casos de neuroimagem, clique (1) (2). A polimicrogiria é secundária a uma deficiência de migração dos neurônios que estão formando o córtex. No exemplo abaixo, a cápsula interna do hemisfério mostrado na foto da esquerda é atrófica, pois a lesão destruiu os neurônios e axônios da via motora. As outras duas fotos, do meio e da direita, mostram o hemisfério normal. Notar a diferença de espessura das duas cápsulas internas. Na foto de ponte mais abaixo, há também repercussão no trato piramidal, visível só na hemiponte à direita. | ||
Polimicrogiria
O termo foi introduzido por Bielschowsky, que descreveu a anormalidade em 1915-1918. Clínica. Pacientes com polimicrogiria têm vários graus de distúrbio funcional, dependendo do tamanho e localização das lesões. Pode haver distúrbios motores como hemiparesia ou hemiplegia, crises epilépticas e retardo mental. Pequenos focos da anormalidade podem não se acompanhar de déficit neurológico. Macroscopia.
Pode variar grandemente em extensão, chegando a cobrir toda a superfície
de um ou ambos hemisférios. Pode ocorrer em áreas que freqüentemente
correspondem a territórios arteriais, mais comumente as artérias
cerebrais médias. É comum nos lábios de cistos
porencefálicos. Polimicrogiria no córtex cerebral pode associar-se
a heterotopias nodulares da substância branca, pois ambas são
defeitos de migração neuronal. Para heterotopia em neuroimagem,
clique.
Microscopia. A arquitetura microscópica do córtex polimicrogírico é caracterizada por :
O padrão mais severo de displasia mostra um córtex de apenas duas camadas: a camada molecular e uma camada celular espessa sem formar subcamadas. Esta segunda camada pode mostrar ninhos irregulares de células e áreas de neurópilo alternados ao acaso. Isto se deve ao arranjo casual das microcircunvoluções. As leptomeninges cobrindo o córtex polimicrogírico podem mostrar vascularização anormal, devido à persistência do padrão fetal. São descritos vasos em número aumentado, alguns com proliferação intimal. Grandes vasos sinusoidais usualmente marcam os pontos de fusão de camadas moleculares de microgiros adjacentes. O suprimento vascular do córtex também é anormal, pois as camadas superficiais derivam sua irrigação das leptomeninges e as camadas profundas de vasos da substância branca. A transição entre o córtex polimicrogírico e o normal é usualmente abrupta. A camada celular superficial do córtex polimicrogírico (segunda camada) funde-se com a segunda e terceira camadas neocorticais. A camada celular profunda do córtex polimicrogírico (quarta camada) funde-se com a quinta camada neocortical. A camada de fibras mielínicas tangenciais (terceira camada do córtex polimicrogírico) afina-se e desaparece ao nível da quarta camada neocortical. Patogênese. A polimicrogiria deriva de distúrbios do desenvolvimento em torno do 5º mês de gestação, geralmente antes do 6º mês, quando começa a formação de giros corticais. Há casos relatados em que foi possível datar o acidente anóxico que causou o defeito de migração neuronal. Admite-se que o córtex anormal de 4 camadas só se forma se houver lesão durante o período de migração. Após este período, lesões causam defeitos focais, mas não formam córtex de 4 camadas. Isto ocorre porque as 3 camadas superficiais são formadas por neurônios que migram no fim do processo. O dano do processo migratório provavelmente decorre de perda da orientação radial dos prolongamentos de células gliais que guiam os neuroblastos em migração. Fonte: Friede RL. Developmental Neuropathology. 2nd Ed. Springer, Berlin, 1989. pp. 335-8. |
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