Peça
P-12. Metaplasia óssea em cicatriz cirúrgica.
Esta peça é pouco usual, mas muito ilustrativa do fenômeno
da metaplasia. Trata-se de material retirado em autópsia,
um retalho alongado de pele contendo uma cicatriz cirúrgica. Logo
abaixo da pele notava-se estrutura de consistência óssea,
que acompanhava a cicatriz em toda sua extensão, estando integrada
e aderida ao tecido fibroso cicatricial. A estrutura óssea
(que lembra uma clavícula) formou-se por metaplasia, isto
é, por transformação de um tecido maduro (no
caso o tecido fibroso denso da cicatriz) em outro aparentado (aqui,
tecido ósseo).
Não fica claro porque tal transformação ocorreu nesta
paciente. Contudo, os osteoblastos que secretam a matriz óssea são
células da mesma linhagem dos fibroblastos que secretam colágeno.
A matriz óssea é constituida, na realidade, por colágeno
e proteoglicanas de tipos especiais que propiciam a deposição
de sais de cálcio. Assim, é razoável que fibroblastos
existentes na cicatriz tenham produzido substâncias favoráveis
à calcificação e posteriormente à ossificação.
Os exemplos mais importantes e clinicamente significantes de metaplasia
ocorrem não no tecido conjuntivo, mas em epitélios
e em geral em resposta a agressões ou estímulos inflamatórios
crônicos. Entre os mais notáveis estão a metaplasia
escamosa do epitélio brônquico causado pela fumaça
do cigarro, e a metaplasia escamosa do epitélio do colo uterino
na cervicite crônica. Em ambos, a metaplasia pode adquirir características
histológicas atípicas (displasia) e eventualmente
constituir um carcinoma in situ, uma lesão pré-neoplásica
de grande importância (ver lâmina A.
312B). |