Embolia  gordurosa  cerebral



 

 
EMBOLIA  GORDUROSA  CEREBRAL
            A embolia gordurosa ocorre em fraturas de ossos longos, cuja medula óssea é amarela (só tecido adiposo). Gotículas lipídicas ganham a circulação sistêmica, chegando ao pulmão. Grande parte fica retida aí e a morte pode ocorrer nesta fase, com dispnéia e colapso circulatório, se mais que 2/3 dos vasos ficarem obstruidos. 

            Contudo, uma parte dos êmbolos lipídicos passa, porque os capilares pulmonares têm diâmetro maior que os de outros territórios e porque a gordura é líquida à temperatura corporal. Estes chegam a todos os órgãos, podendo ser demonstrados em cortes de congelação corados por Sudão Vermelho. Na maioria dos parênquimas são inócuos, menos no cérebro.

        No cérebro as lesões ficam restritas à substância branca e se caracterizam pela formação de petéquias, ou seja, hemorragias puntiformes e disseminadas. O quadro é conhecido como púrpura cerebral. Há também intenso edema cerebral associado, o que em si é suficiente para causar o óbito. Contudo, não há petéquias na substância cinzenta, como córtex cerebral ou núcleos da base. 

Qual o motivo  desta curiosa preferência pela substância branca?

            A substância branca é 5 vezes  menos vascularizada que a cinzenta.  Os capilares são mais espaçados, retilíneos e com poucas anastomoses. Se um capilar é obstruido por um êmbolo gorduroso, a circulação naquele microterritório é interrompida, e há necrose do endotélio, que permite um extravasamento puntiforme de sangue (petéquia). O tecido nervoso nas proximidades também sofre necrose, lesando axônios responsáveis pela associação das grandes áreas do córtex cerebral. 

            Já na substância cinzenta, como os capilares são próximos uns dos outros e há uma extensa rede anastomótica, a obstrução de um deles tem pouco efeito porque sempre há fluxo pelas anastomoses e os neurônios não sofrem necrose. Por isso, não há formação de petéquias na substância cinzenta. 

Quadro clínico

          O quadro clínico da embolia gordurosa cerebral também é paradoxal, porque  os pacientes não costumam ter alterações neurológicas nas primeiras horas após o trauma. Só algumas horas ou dias após instala-se um quadro progressivo de obnubilação mental chegando ao coma, com alta mortalidade.

            O primeiro período sem sinais de sofrimento cerebral corresponde ao tempo em que as gotículas lipídicas estão retidas no pulmão; o segundo período, com diminuição do nível de consciência, é devido à chegada do lípide ao cérebro, com lesão irreversível da substância branca. 


 
Este assunto na coleção didática: 
Não há lâminas ou peças de embolia gordurosa. Ver a peça SN-52 de tromboembolia causando um infarto cerebral.

 
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