Departamento de Anatomia Patológica

         Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.

Caso 196: 17 anos, tumor de ovário esquerdo com 12 cm no maior eixo, superfície externa lisa e superfície de corte com áreas sólidas e de hemorragia.

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Descrição microscópica: Neoplasia maligna mostrando variado aspecto morfológico, com áreas em arranjo papilífero (Fig. 1), ao lado de área finamente reticular (Fig. 2), ou sólida com células de núcleos grandes, pleomórficos, com mitoses (Fig. 3, 4, 5). O arranjo reticular e microcístico é predominante (Fig. 6); notam-se estruturas papilares ou glomerulóides, com vaso central, revestidas por células grandes do tipo germinativas, conhecidas como corpúsculo de Schiller-Duval (Fig. 7, 8), importantes para o diagnóstico. Focalmente são observados glóbulos hialinos (Fig. 9). A reação imuno-histoquímica para alfa-feto proteína foi difusamente positiva (Fig. 10).

Diagnóstico: TUMOR DO SACO VITELÍNICO OU DO SEIO ENDODÉRMICO DO OVÁRIO ESQUERDO.

Comentário:Este tumor maligno tem histogênese em células germinativas, do tipo que forma estruturas extra-embrionárias da linhagem do saco vitelínico. É neoplasia pouco comum, agressiva, que ocorre em crianças e em adultos jovens e cursa com elevação sérica da alfa-feto proteína, que também pode ser demonstrada no tecido tumoral pela reação imuno-histoquímica. O corpúsculo de Schiller-Duval é uma estrutura papilar ou glomerulóide, que caracteriza morfologicamente esta neoplasia. No diagnóstico diferencial pode-se pensar em carcinoma de células claras, entretanto, a faixa etária é diferente e, ao contrário do carcinoma de células claras, este tumor expressa alfa-feto proteína e não expressa CK7, nem EMA ou Napsina-A. Pode também expressar SALL-4 e Glypican-3.
Ref. Nogales F et al. Germ cell tumors of the ovary: an update. Arch Pathol Lab Med. 2014; 138:351–362; doi: 10.5858/arpa.2012-0547-RA