Departamento de Anatomia Patológica

Patologia Ginecológica

         Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.



Caso 178: 67 anos, tumor de ovário esquerdo, de consistência macia, medindo 6 cm no maior eixo, recebido fragmentado.



Figura 1



Figura 2



Figura 3



Figura 4



Figura 5



Figura 6



Figura 7


Descrição microscópica: Neoplasia do ovariana ricamente vascularizada, constituída por 3 aspectos morfológicos principais: áreas sólidas, áreas com microcistos e traves fibrosas (Fig. 1, 2, 3). As células são monótonas, com citoplasma claro, levemente eosinófilo, vacuolado, finamente granuloso, em arranjo em ninhos, lóbulos, microcistos ou sólido. Os núcleos são arredondados, sem atipias ou leve atipia focal (Fig. 4, 5). As mitoses não são frequentes. Os pequenos microcistos são focais na neoplasia e em áreas coalescem formando fendas ou canais irregulares mais largos (Fig. 6). A neoplasia é cortada por traves fibrosas focalmente hialinizadas. O estudo imuno-histoquímico demonstrou: VIM + difuso; Inibina e calretinina negativos; AE1/AE3 + focal; CD10+, beta-catenina: ausência de coloração nuclear (Fig. 7). Também não houve expressão de receptor de estrógeno..

Diagnóstico: TUMOR ESTROMAL MICROCÍSTICO DO OVÁRIO ESQUERDO.

Comentário:O principal diagnóstico diferencial neste caso é o tumor de células da granulosa do tipo adulto. Entretanto a falta de expressão do receptor de estrógeno, da inibina e de calretinina, afastam este diagnóstico. O tumor estromal microcístico foi descrito em 2009, apresenta aspecto morfológico e este perfil imuno-histoquímico, sendo que a beta-catenina tem expressão nuclear em cerca de 80% dos casos, relacionado à patogênese com a sua mutação. Entretanto, são também descritos casos como este, em que a expressão da beta-catenina foi membranosa e citoplasmática, porém não nuclear, indicando que outras vias de patogênese podem estar envolvidas. O comportamento clínico geralmente é benigno, porém já foram descritos casos com recidivas ou metástases. Referências: Irving JA & Young RH. Microcystic Stromal Tumor of the Ovary. Am J Surg Pathol 2009; 33:367–375. McCluggage WG et al. Expanding the morphological spectrum of ovarian microcystic stromal tumour. Histopahology 2019; 74:443-451.