Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.
Caso 173: 52 anos, história de leiomioma parido, com aspecto pálido, macio e gelatinoso, medindo 11x7,5 cm nos maiores eixos.
Descrição microscópica: Lesão constituída por células musculares lisas, com áreas mais hipocelulares (Fig. 1) com estroma abundante e mixóide, e outras hipercelulares (Fig. 2, Fig. 3). A neoplasia tem limites infiltrativos (Fig. 4). A atipia celular é leve a moderada. Notam-se vasos finos e vasos espessos, de parede grosseira e raros focos de necrose do tipo tumoral (Fig. 5). O índice mitótico variou de 8 a 14 figuras de mitose por 10 campos de grande aumento (Fig. 6, 7). Pelas reações imuno-histoquímicas houve expressão de actina de músculo liso e desmina e o CD10 foi positivo focal.
Diagnóstico: Leiomiossarcoma mixóide do corpo uterino, parido, segundo informação clínica, índice mitótico de 8 a 14 mitoses em 10 campos de grande aumento.
Comentário: O leiomiossarcoma mixóide é diagnóstico raro e ocorre na pós-menopausa. Tem comportamento clínico pior que o leiomiossarcoma usual. Tem aspecto gelatinoso, limites infiltrativos, abundante matriz mixóide extracelular que pode corresponder a >50% da neoplasia. São ainda critérios de diagnóstico: a necrose tumoral, a atipia celular leve a moderada e o índice mitótico de ≥ 2/10 campos de grande aumento. No diagnóstico diferencial temos: a) sarcoma do estroma endometrial de baixo grau com aspecto fibromixóide, que geralmente é tumor polipóide na cavidade endometrial; b) Leiomioma mixóide. O aspecto de vasos grosseiros, a expressão de marcadores de músculo liso e a expressão focal de CD10 favorecem a natureza muscular lisa. O índice mitótico, os limites infiltrativos e focos de necrose tumoral apoiam o diagnóstico de leiomiossarcoma.