Departamento de Anatomia Patológica

Patologia Ginecológica

         Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.



Caso 151: 16 anos, em amenorreia e com tumor de ovário direito com 31x 20 cm nos maiores eixos e 4700g. Superfície externa lisa e superfície de corte sólido-cística com aspecto mucinoso e áreas de necrose.


Figura 1



Figura 2



Figura 3



Figura 4



Figura 5



Figura 6



Figura 7


Descrição microscópica: neoplasia apresentando área cística revestida por epitélio mucinoso benigno e área sólida (Fig.1). Na área sólida notam-se células de Sertoli em arranjo tubular (Fig. 2), cordonal (Fig. 3) ou sólido onde podem ser observados 2 tipos celulares: células de Sertoli e células de Leydig, estas mais eosinófilas (Fig. 4). O componente heterólogo de epitélio mucinoso sem atipias está representado na Fig. 5. Áreas mais densas mostram células fusiformes, com citoplasma eosinófilo e com estrias no citoplasma (Fig. 6-seta), correspondentes ao componente heterólogo de rabdomioblastos. Além disso, túbulos ou fendas revestidas por epitélio cilíndrico ou cúbico, lembrando a rete testis, representam o componente retiforme da neoplasia.

Diagnóstico: Tumor de Sertoli-Leydig pouco diferenciado do ovário, com elementos heterólogos de epitélio mucinoso, rabdomioblastos do rabdomiossarcoma embrionário e elementos retiformes.

Comentário: Os tumores de Sertoli-Leydig pertencem ao grupo dos cordões sexuais e estroma ovariano e representam menos de 0,5% dos tumores do ovário. A maioria dos casos é diagnosticada em estádio I e ocorre em mais de 75% em mulheres com menos de 30 anos. A metade das pacientes pode apresentar manifestação endócrina variada como amenorreia, sinais de virilismo e queixa de acne. Os tumores bem diferenciados tem comportamento benigno; entretanto os moderadamente e pouco diferenciados podem ter evolução maligna com recidivas precoces. Cerca de 20% dos casos apresentam elementos heterólogos, sendo o mais comum o epitélio mucinoso, seguido dos elementos mesenquimatosos como o rabdomiossarcoma e elementos retiformes, que lembram a rete testis. Tanto o componente de rabdomissarcoma como o retiforme estão associados a comportamento clínico maligno.