Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.
Caso 150: 74 anos com tumor de ovário direito com 10x8x4 cm e 210 g. Superfície externa lisa e superfície de corte com conteúdo cístico espesso com área sólida amarelada de 4x1,3 cm.
Descrição microscópica: Parede do cisto revestida por epitélio escamoso queratinizado, com glândulas sebáceas e mostrando focalmente proliferação de ninhos celulares sólidos ou em ilhotas (Fig. 1). Em maior aumento nesta área notam-se células em arranjo acinar, cordonal ou insular, dentro de um estroma fibroso, formando estruturas de padrão organoide (Fig. 2 e 3). No detalhe celular, nota-se citoplasma de aspecto granular eosinófilo ou acastanhado (Fig. 4 e 5) e o perfil imuno-histoquímico demonstra positividade para Cromogranina (CRM), Sinaptofisina (Sinaptof) e CD 56. O Ki67 mostra baixo índice de proliferação, menor que 5% (Fig. 6).
Diagnóstico: Teratoma maduro do ovário com componente de tumor carcinóide.
Comentário: O tumor carcinóide pode ser primário ou metastático no ovário. O primário geralmente ocorre como um nódulo dentro de um cisto dermóide ou teratoma maduro, como no caso apresentado. Em um terço dos casos pode mostrar clinicamente a síndrome carcinóide. O perfil imuno-histoquímico caracteriza a diferenciação neuro-endócrina das células. A maioria dos carcinóides do ovário tem evolução benigna, sendo muito rara a evolução maligna com recidiva intra-abdominal. O tumor carcinóide metastático no ovário geralmente é bilateral, multinodular, tem história de tumor no trato gastro-intestinal e não se associa ao teratoma do ovário.