Os casos clínicos contidos neste site são fruto das reuniões semanais da Prof. Dra. Liliana De Angelo Andrade com os residentes do Departamento de Anatomia Patológica. O objetivo do site é difundir o conhecimento sobre o assunto ajudando estudantes, residentes e profissionais a manterem-se constantemente atualizados.
Caso 30: 51 anos, sangramento pós-menopausa e pólipo endometrial à ecografia.
Descrição microscópica: proliferação epitelial constituída por células bem diferenciadas mucinosas, formando glândulas complexas, com leve atipia celular focal (Figuras 1, 2 e 3) e presença de algumas mitoses (Figura 4). No estroma notam-se células inflamatórias e aglomerados de macrófagos xantomatosos (Figura 5)
Diagnóstico: Adenocarcinoma mucinoso bem diferenciado do endométrio (semelhante à hiperplasia microglandular da endocérvice). Adenocarcinoma mucinoso é um tipo histológico raro no endométrio e este termo é justificado quando mais de 50% do tumor é constituído por células mucinosas. Apresentam arquitetura glandular complexa, são geralmente muito bem diferenciados, com leve atipia celular focal. O principal diagnóstico diferencial é com hiperplasia microglandular da endocérvice e adenocarcinoma endocervical. A topografia da lesão, a idade da paciente (pós-menopausa) e a presença dos macrófagos xantomatosos no estroma falam a favor da origem endometrial da neoplasia. As reações imunoistoquímicas que podem contribuir para o diferencial são vimentina (positiva no adenocarcinoma do endométrio e negativa no de colo uterino) e Ki67 (positivo em mais de 10% das células do adenocarcinoma e negativo ou fracamente positivo na hiperplasia microglandular da endocérvice). A reação de CEA é positiva tanto no adenocarcinoma mucinoso do colo quanto do endométrio, porém é negativo na hiperplasia microglandular da endocérvice.